O estudo do Banco Central (BC) que causou espanto ao apontar gasto de R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família com apostas online mostra outros dados impressionantes.
Um dos mais preocupantes é o que indica que os brasileiros já gastam dez vezes mais com jogos irregulares do que com loterias legais (confira aqui).
E a cifra é espantosa: na média mensal, apostas informais somaram R$ 20,8 bilhões, enquanto as loterias arrecadaram R$ 1,9 bilhões e jogos legalizados movimentaram R$ 300 milhões.
Na apresentação do estudo, o BC observa que "muitas das empresas que operam jogos de azar e apostas online, o fazem sob nomes que não correspondem aos divulgados na mídia, e várias não estão corretamente classificadas no setor econômico apropriado (CNAE 9200-3/99, relacionado à exploração de jogos de azar e apostas)".
Ao longo do ano, aponta o estudo, os valores mensais das apostas online variaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. O BC estima que cerca de 15% do valor apostado seja retido pelas empresas, com o restante distribuído aos ganhadores em prêmios.
É uma fatia menor do que a projetada em outro estudo, o do Itaú, que estimou que o país "perde" 35% dos gastos com jogos. Com dados de 2023, os valores do Itaú eram bem menores.
Conforme o BC, os resultados "estão em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas". E considera "razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira".
A chamada "regulação das bets", que permitiu a proliferação de jogos online no país, só entra de fato em vigor em janeiro de 2025. Os dados apontados por estudos sobre o efeito das apostas tanto no orçamento das famílias quanto na economia já suscitam discussão sobre a necessidade de uma suspensão para regularizar esse mercado.