Depois que todas as pessoas ainda ilhadas forem socorridas e a água refluir, será hora de tentar fazer um balanço das necessidades de recursos para que o Rio Grande do Sul consiga se reerguer do desastre.
Ainda é difícil estimar quantia aproximada, mas uma coisa é certa: não será possível alcançar com o atual sistema de liberação emergencial de recursos. O Rio Grande do Sul vai precisar de uma espécie de Plano Marshall.
Em um quadro que já foi definido como "cenário de guerra", nada mais adequado: o plano citado foi empregado na recuperação da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Nesse caso, não se trata de quantias equivalentes, não só porque a Europa tem extensão territorial maior do que a do Estado, mas porque a destruição foi maior do que a que ainda vamos verificar quando a água voltar ao leito dos rios. A inundação destruiu boa parte da infraestrutura do Estado, de estradas e pontes ao saneamento, passando pela rede elétrica.
Mas não só será uma quantia bastante elevada para os padrões tradicionais das situações habituais de emergência ou calamidade como vai precisar de um mecanismo muito mais ágil para a liberação de recursos.
Será um desafio para a estrutura pública, tanto federal quanto estadual, submetida a um sistema necessário, porém lento, de checagens e verificações. No episódio de setembro de 2023, um dos principais canais de ajuda, uma linha de financiamento do BNDES, foi detalhada no dia 13, como a coluna registrou. Três meses depois, apenas 1% do previsto havia sido liberado, como a coluna também registrou.
A jornalista que assina esta coluna não ignora que a falta de controle na liberação de recursos públicos, muitas vezes, é contraproducente porque facilita a atuação de fraudadores. Aconteceu com o Auxílio Brasil e até com o Perse, o programa para recuperar o setor de eventos. Mas não é possível que não se encontre um caminho tão seguro quanto rápido, tão excepcional quanto a situação pela qual o Rio Grande do Sul passa e a necessidade que vai emergir desse momento dramático.
Para lembrar: para a urgência dos próximos dias e para a reconstrução nos seguintes, será necessária toda a ajuda disponível e mobilizável, por menor que seja. Se for grande, melhor ainda. Se puder, por favor, contribua. Saiba como clicando aqui.