Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

Número ruim, efeito bom
Análise

"Pibinho" nos EUA ajuda a conter alta do dólar no Brasil

Resultado abaixo do esperado renova expectativa de corte no juro americano e pode suavizar piora do cenário doméstico

Marta Sfredo

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Ao contrário do que se esperava, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos Estados Unidos desacelerou. A alta de 1,6% anunciada nesta quinta-feira (25) veio bem abaixo da projeção média de 2,5%, o que renovou a esperança de corte no juro por lá - e por consequência, também alguma suavização na piora recente do cenário interno

Esse resultado ajudou a conter a alta do dólar e a baixa na bolsa no Brasil, que oscilam ao redor de 0,4% no final da manhã. Caso o PIB americano tivesse crescido tanto quanto se estimava, as variações seriam mais acentuadas, com efeitos mais preocupantes.

No trimestre anterior, o último de 2023, o PIB dos EUA havia subido quase incríveis 3,4% diante da taxa de juro mais alta das duas últimas décadas. É bom lembrar que a apresentação do indicador por lá é diferente da que ocorre no Brasil. Nos EUA, é anualizada, ou seja, projeta o que seria o resultado de 12 meses caso fosse mantido o ritmo dos últimos 90 dias.

Mas se foi tão "melhor do que o esperado" - do ponto de vista  da expectativa da redução de juro americano -, porque o "pibinho" dos EUA não teve força suficiente para fazer o dólar recuar e a bolsa subir? 

Um dado dentro do cálculo do ritmo da atividade econômica americana reforçou a preocupação com a inflação: o índice de preços das despesas de consumo pessoal subiu 3,4%, ante aumento anterior bem mais moderado, de 1,8%. 

Para lembrar, o juro sobe, em qualquer país, para frear a atividade econômica e desincentivar reajustes de preços para moderar a inflação. Se o PIB desacelera sem reduzir o repasse de preços, o efeito líquido desejado é considerado insuficiente. 

Então, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ainda pode manter a cautela dos últimos comunicados, que fizeram a expectativa de corte de juro por lá de março para junho, de junho para setembro. Mas tende a afastar o cenário de corte só em 2025 que já começava a ser especulado.

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