Depois de uma fugaz deflação anabolizada, o IPCA de 0,12% em julho, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo IBGE, veio no topo das expectativas.
É má notícia porque não é tão baixa quanto parte dos economistas projetava e boa porque ainda está dentro da ancoragem que o Banco Central (BC) tanto busca. Ou seja, não houve surpresa muito negativa, e sim algumas positivas - sempre na perspectiva de manter a previsão de cortes seguidos de 0,5 ponto percentual no juro por um ano.
Com esse resultado, IPCA acumula alta de 2,99% no ano e de 3,99% nos últimos 12 meses, bem acima dos 3,16% acumulados até junho - especialmente pela "substituição", nesse cálculo, da deflação fake obtida com manipulação de preços de combustíveis de 0,68% em julho de 2022.
Mas a lista de boas e más notícias continua: no primeiro capítulo, três dados que o Comitê de Política Monetária (Copom) monitora para fazer o seu famoso "balanço de risco" inflacionário melhoraram. Entre esses aspectos mais técnicos, o mais fácil de entender é o índice de difusão, que mede quanto a inflação está espalhada. Em julho, foi o mais baixo em 12 meses: 46%. Significa que menos da metade dos preços pesquisados subiu. Ficou abaixo até de junho, que havia registrado uma leve deflação. Para comparar, o mais alto desde agosto do ano passado foi em dezembro, de 69%.
E além desse que é mais fácil de entender, economistas destacam a redução dos custos dos serviços e o melhor comportamento dos núcleos - grupos de preços menos sensíveis a variações pontuais, portanto indicadores mais fiéis da trajetória da inflação.
O capítulo dos dados preocupantes abre com o principal acelerador da inflação no mês passado: o grupo de transportes - onde ficam os preços impactados pelos combustíveis - subiu 1,5%. Isso, sem aumentos de gasolina e diesel em julho. Isso torna mais delicada a decisão que a Petrobras terá de tomar sobre reajustes. Desde 12 de junho, quanto tocou no ponto mais baixo no ano, de US$ 71,63, o petróleo tipo brent subiu 21%, sem qualquer mudança nos valores cobrados nas refinarias. Nesta sexta-feira (11), o avanço nessa cotação é discreto, de 0,36%, mas o barril já é cotado a US$ 86,71.
E qual o balanço entre as boas & as más? Já tem economista projetando que a inflação feche o ano dentro da meta, em 4,6%, conforme Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena.