Depois da confirmação - e do detalhamento - da proposta recebida pela controladora, a Novonor (ex-Odebrecht), agora foi a vez da sócia receber oferta de compra da Braskem, dona de quase todo o polo petroquímico gaúcho, em Triunfo.
A Petrobras comunicou na manhã desta sexta-feira (19), que recebeu carta das duas empresas interessadas, a gestora de investimentos americana Apollo e a Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc na sigla em inglês).
Conforme a nota, "as proponentes manifestaram interesse em discutir potenciais negócios com a Petrobras". A Novonor tem 50,1% das ações ordinárias e 38,3% do capital total da petroquímica, enquanto a Petrobras tem 47% das ações ordinárias e 36,1% do capital total.
Além de ter essa fatia relevante do capital, a estatal brasileira tem um acordo de acionistas com a Novonor. Pelos termos, em caso de venda, a preferência de compra deve ser oferecida ao outro sócio.
O fato de uma das compradoras ser uma estatal de Abu Dhabi havia suscitado especulações. Como a refinaria Landulpho Alves, na Bahia, foi comprada por um fundo ligado ao Mubadala - fundo soberano (significa que pertence ao Estado) de Abu Dhabi - surgiu a versão de que poderia ocorrer uma troca de ativos: a refinaria voltaria para a Petrobras, em troca da fatia da estatal brasileira na Braskem. Essa possibilidade foi negada pela Petrobras, mas o trecho que menciona a hipótese de "discutir potencial negócios" voltou a inflamar o mercado.
A nova política de preços da Petrobras, anunciada na terça-feira (16), é outro elemento dessa equação complexa. Para a Acelem, empresa que opera a antiga Landulpho Alves - hoje chamada de Mataripe - o risco de que a estatal pratique preços abaixo da referência internacional é um risco a mais. Entre os "remédios" possíveis para essa nova situação, estaria a devolução da unidade.
Seria um desdobramento inusual, mas não inédito. A refinaria da Petrobras em Canos já teve um sócio privado - a espanhola Repsol - por quase uma década, cuja participação de 30% foi recomprada pela estatal em 2010.
A novela da venda da Braskem se estende desde 2019, quando a venda estava encaminhada com a LyondellBasel, mas foi interrompida por falta de informação sobre um passivo relacionado a danos provocados pela mineração de sal-gema em Maceió (AL). A Novonar precisa concluir a venda para pagar os credores e sair da recuperação judicial pedida logo depois do fracasso da negociação da venda da Braskem.
A íntegra do comunicado
Petrobras sobre Braskem
Rio de Janeiro, 19 de maio de 2023 – A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que recebeu carta da Apollo Management X, L.P. (“Apollo”) e da ADNOC International Limited (“ADNOC”) com informações sobre a proposta não vinculante para aquisição da participação da Novonor S.A. na Braskem. A informação foi encaminhada à Petrobras pelo fato de que a Companhia é a segunda maior acionista da Braskem e parte do acordo de acionistas. Além disso, as proponentes manifestaram interesse em discutir potenciais negócios com a Petrobras.
A Companhia reforça o seu compromisso com a ampla transparência dos processos de desinvestimentos e de gestão de seu portfólio e que fatos relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo