Foi um resultado na contramão dos bancos privados: o Banrisul informou no final da tarde de quarta-feira (15), que obteve lucro líquido ajustado de R$ 251,1 milhões no quarto trimestre de 2022, com aumento de 82,1% frente ao trimestre anterior e rentabilidade de 10,9% sobre o patrimônio líquido.
É surpreendente porque o Itaú teve desempenho abaixo do esperado e o Bradesco decepcionou. O CEO do bancão, Octávio de Lazari, chegou a dizer que o Bradesco havia dado "mais crédito do que deveríamos ter concedido".
Conforme o texto que acompanha a publicação do resultado do Banrisul, a melhora se deve principalmente ao "crescimento da margem financeira, o incremento na carteira de crédito e o aumento das receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias". Em todo 2022, o lucro líquido ajustado chegou a R$ 780,8 milhões.
A coluna perguntou ao presidente do Banrisul, Claudio Coutinho se houve alguma excepcionalidade que tenha ajudado nesse aumento de lucro, ele negou:
Nossa inadimplência está em nível recorde de baixa, em 1,6 % da carteira com atrasos superiores a 90 dias e provisões para perdas de 313 %. Estamos provisionados de forma conservadora. Basicamente porque não temos operações com empresas corporate e large corporate (com receita anual a partir de R$ 500 milhões). E nossas operações são com sólidas garantias, como consignado, imobiliário, rural, ou com garantias do FGI do BNDES e outras.
Conforme Luiz Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, uma das diferenças entre o Banrisul e os bancões foi o fato de o banco gaúcho não ter operações com a Americanas. Lembra que o resultado do Banco do Brasil também foi melhor do que os dos dois maiores do país. O BB teve lucro líquido ajustado de R$ 9 bilhões, 52,4% acima do mesmo período do ano anterior. Nessa base de comparação, o resultado do Banrisul ficou 2,7% menor.