Atividades econômicas sem responsabilidade social e ambiental estão se tornando obsoletas. Práticas ESG (governança corporativa, social e ambiental) não são "moda": fazem parte da mesma transformação que digitaliza negócios e interações pessoais. Inovação não é só tecnologia, mas também diversidade e inclusão. Esta seção mostra o ESG na prática. Sugestões podem ser enviadas para camila.silva@zerohora.com.br e marta.sfredo@zerohora.com.br.
Buscando gerar emprego e renda para ex-carroceiros que atuavam em Porto Alegre, a Cooperativa de Transformação Sócio Ambiental (CTSA) desenvolve o projeto Bloco Eco.
A iniciativa emprega resíduos da construção civil como matéria-prima na fabricação de blocos de concreto usados para fechamento de paredes, por exemplo.
Nome à frente do projeto, Sérgio Amaral detalha que a ideia inicial da cooperativa era gerar emprego e renda para moradores das comunidades do bairro Cristal, na zona sul da Capital, por meio de um projeto de reciclagem:
— Assim nasceu a cooperativa. Porém, no processo de desenvolvimento, descobrimos uma iniciativa que não chegou a ser implementada em outra região, que envolvia os blocos de concreto. Assim, seguimos nessa direção. Tínhamos a ideia e a vontade de colocar em prática e, com a entrada da Ong Solidariedade como gestora do projeto e a UFRGS, como parceira, as coisas começaram a deslanchar. A cooperativa foi criada em 2008. Dois anos depois, a UFRGS se tornou parceria do projeto por meio do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme).
— Com a Lei Municipal 10.531, que proibiu a circulação de carroças em Porto Alegre, os carroceiros ficaram sem atividade para exercer. A prefeitura nos procurou e ofereceu nosso projeto como uma alternativa para essas pessoas. Com o Leme, elaboramos um curso para ensinar a produzir os blocos de forma segura — detalha.
Durante um ano, cerca de cem profissionais foram treinados por professores e estudantes da UFRGS. Também aprenderam sobre reciclagem e impacto dos resíduos da construção civil no ambiente. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2021 foram coletadas 48 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição (RCD). Foi 2,9% acima do ano anterior. Do total, 6,6 milhões são coletados na Região Sul.
Atualmente, cerca de 14 pessoas estão no Bloco Eco, das quais sete atuam na produção. Para a fabricação, os materiais são triturados, peneirados, separados e viram agregados para o produto final, que passa por testes de qualidade. Ao voltar ao mercado, o produto faz a jornada da economia circular. Mesmo modesta, a capacidade da produção da cooperativa não é absorvida pelo mercado, que poderia se beneficiar com a melhora de seus indicadores ambientais. Por isso, Amaral faz um apelo:
— Não basta produzir, precisamos vender, pois temos pessoas que dependem desses recursos. Nosso produto traz vantagens para as construções, como a melhora no isolamento térmico e acústico.
Para comprar os blocos fabricados pela Cooperativa de Transformação Sócio Ambiental (CTSA) é possível fazer orçamento no site do projeto blocoeco.com.br.
* Colaborou Camila Silva