Uma das expectativas da Argentina em relação ao Brasil ainda parece distante da concretização no dia do primeiro encontro oficial entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández.
Em meados de dezembro, a Secretaría de Energía argentina anunciou que o BNDES financiaria US$ 689 milhões do gasoduto que poderia trazer gás de xisto de Vaca Muerta (província de Neuquén, no norte da Patagônia) ao Brasil, passando pelo Rio Grande do Sul (veja notícia na imprensa local abaixo). O banco público negou e, passado mais de um mês, aponta obstáculos a vencer nesse caminho .
Diante da reunião entre os dois presidentes, a coluna voltou a consultar o BNDES para checar se existia alguma atualização do tema, que já se tornou até expectativa entre empresários, como forma de estreitar relações entre os dois países. Desta vez, a nota foi ainda mais detalhada e também mais desencorajadora de especulações de que a questão possa ser rapidamente encaminhada:
Sobre conversas a respeito de possível financiamento à exportação de bens produzidos no Brasil por empresas brasileiras para o gasoduto de Vaca Muerta, na Argentina, o BNDES informa que:
- Não há consulta no BNDES referente ao financiamento.
- As potenciais companhias exportadoras ainda não estão habilitadas a operar junto ao Banco, sendo que, no caso de uma delas, há um impedimento de contratação do financiamento junto ao BNDES em virtude de apontamento feito pelo TCU a uma das empresas de seu grupo econômico.
- Não há aprovação do governo brasileiro quanto à concessão do Seguro de Crédito à Exportação, condição para a concretização do financiamento pelo BNDES.
- Dessa forma, para a análise de eventual possibilidade de financiamento, é necessária a delimitação do escopo do fornecimento e das condições para participação das empresas interessadas na licitação pública argentina, de modo que os exportadores brasileiros possam formalizar a solicitação de financiamento.
Ainda não se sabe quais são as empresas brasileiras que participariam da construção do gasoduto fornecendo material ou serviços. Do outro lado da fronteira, estão muito envolvidas na obras duas companhias ítalo-argentinas: a Techint, onipresente no país vizinho, e Pan American Energia, também ítalo-argentina focada no segmento de óleo e gás.
Na semana passada, Fernández afirmou que, depois de um dia de trabalho com o ministro Sergio Massa (da Economia), analisou "o acordo de integração econômica e energética com o Brasil, que assinaremos em 23 de janeiro, durante a visita de Lula". Ou seja, algo será anunciado. O financiamento vai precisar superar alguns obstáculos..