Com acúmulo de defasagem entre os preços internos e externos de gasolina (12%) e diesel (16%), há forte pressão sobre a Petrobras para alinhar os preços, sua estratégia declarada.
Em live da epbr, agência especializada em energia, realizada nesta sexta-feira (14), o diretor de exploração e produção da estatal, Fernando Borges, confirmou a sensação de que companhia tem retardado os repasses de alta e acelerado os de baixa na cotação do petróleo a preços dos combustíveis nas refinarias. Mesmo assim, assegurou que a atuação segue baseada no alinhamento aos preços de mercado.
— Estamos beneficiando a sociedade brasileira ao repassar mais amiúde (com mais frequência) redução e demorar um pouco para repassar a subida de preços. Quanto se escutou: ‘cadê a contribuição da Petrobras?’. Na medida do possível, essa contribuição tem sido feita, dentro da 'banda' (de preços) com que trabalhamos — afirmou o diretor.
Borges lembrou que há alta volatilidade no barril neste momento, o que é verdade, e sustentou que os preços atuais da Petrobras estão "muito próximos aos do mercado", com o que a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que calcula a defasagem, certamente discorda. O diretor afirmou que há "visões distintas" sobre a diferença de preços entre a estatal e a Abicom.
O executivo chegou a assumir interinamente a presidência da Petrobras depois que José Mauro Coelho pediu demissão, em junho passado. Em agosto de 2021, Borges admitiu que o risco de interferência nos preços dos combustíveis era o principal motivo de atraso na venda das refinarias da estatal, entre as quais a Refap.
Atualização: no meio da tarde, a Petrobras lançou uma nota em que afirma, "em relação às notícias veiculadas na mídia a respeito dos reajustes nos preços de combustíveis", que "mantém seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais. A Petrobras monitora continuamente os mercados, o que compreende, dentre outros procedimentos, a análise diária do comportamento de nossos preços relativamente às cotações internacionais".
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como seguro contra perdas.