O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O livro Compliance Antidiscriminatório - Lições Práticas para um novo mundo corporativo ilustra, por meio de casos reais, o impacto que condutas discriminatórias podem causar em grandes empresas. Escrita pelo advogado gaúcho Fabiano Machado da Rosa, especialista em Direito Empresarial, e pela advogada Luana Pereira da Costa, especialista em Direito Antidiscriminatório, a obra alerta as companhias que seguem centradas exclusivamente no lucro financeiro: é preciso urgentemente inserir novos conceitos e princípios de gestão e de governança.
O livro traz 14 casos de empresas, nacionais e internacionais que foram expostas na imprensa devido a um processo trabalhista motivado por discriminação. O conteúdo é um guia voltado para CEOs e responsáveis por diretorias de empresas de grande porte e traz explicações sobre como os problemas relatados poderiam ter sido evitados se os canais de denúncia tivessem capacidade de lidar com os problemas que chegam até lá.
Atualmente, o lucro não é o único indicador de bons resultados de uma companhia?
O capitalismo consciente leva em consideração, ao lado dos lucros, os impactos que a empresa gera socialmente. E, para tanto, é preciso estar alinhado, por exemplo, aos critérios ESG, ou seja, de sustentabilidade ambiental, social e de governança.
O ambiente corporativo gaúcho está preparado para esses novos conceitos?
Certamente. Para além de estar preparado, o empresariado gaúcho sabe que esta é uma estratégia de sobrevivência. Os avanços nas leis e nas pautas sobre diferentes formas de discriminação, que recrudescem as penalidades impostas às empresas que não têm entre as suas prioridades a construção de um posicionamento antidiscriminatório sólido, interna e externamente, demonstram que não há espaço para retroceder nesse tema. As discriminações contaminam o ambiente interno e geram crises reputacionais externas graves, além de impactar negativamente o faturamento. De outro lado, ambientes mais diversos apresentam melhores índices de inovação, produtividade e lucratividade.
Qual o público alvo?
São pessoas que atuam no mundo corporativo e que têm condições de construir, impulsionar e induzir a criação de ambientes que sejam antidiscriminatórios: os profissionais que atuam na governança de empresas, executivos, cargos de gerência, C-level e nas áreas jurídicas e de recursos humanos.
Qual o objetivo da obra?
O primeiro é a conscientização. Quem atua na governança das empresas precisa compreender que a discriminação não é um "mal entendido". Discriminar é consequencia de culturas que, estruturalmente, condicionam práticas equivocadas nas companhias. O segundo objetivo é chamar a atenção aos riscos. No que tange a reputação e o faturamento, um episódio negativo nesse âmbito tem grandes chances de ganhar intensa repercussão e atingir a imagem daquelas empresas que almejam serem sustentáveis. A exposição de práticas nocivas e discriminatórias afugenta investimentos, clientes e talentos. O terceiro objetivo é mostrar para as empresas um conjunto de oportunidades. Esse é o lado positivo da diversidade e da inclusão: gerar equipes mais competitivas, engajadas, inovadoras e com uma cultura interna não violenta.