Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, é um símbolo da economia no século 21. Conseguiu o feito de transformar carros elétricos em objeto de desejo e "privatizou" a corrida espacial, em que tem como adversário o colega bilionário Jeff Bezos.
Agora, protagoniza uma das mais rumorosas ofertas hostis da história, com sua tentativa, até agora rechaçada, de compra do Twitter. Nesta segunda-feira (18), o futuro da rede social do passarinho segue incerto, entre a oferta de Musk e a reação da "pílula de veneno" de seus atuais controladores.
Para lembrar, tudo começou no próprio Twitter: foi em um post na rede que Musk anunciou a intenção de fazer oferta para assumir o controle da empresa na quinta-feira (14). O valor de US$ 54,20 por ação representa um valor total de US$ 43 bilhões.
Como o homem mais rico do mundo costuma fazer posts crípticos e/ou irônicos, não foi totalmente levado a sério, até que o Twitter confirmou a oferta. Mesmo assim, ainda há quem duvide se a intenção de Musk é fazer negócio ou polêmica. O fato é que vários outros passos já foram dados.
O seguinte foi o Twitter tentar barrar a compra, adotando uma estratégia chamada no mercado corporativo de "poison pill", ou pílula de veneno. Claro, não se trata de tentar envenenar o potencial comprador. Esse mecanismo, tradicional em casos de ofertas hostis, busca limitar o poder do acionista que tenta assumir o comando de uma empresa contra a vontade de seu controlador no momento até 14 de abril de 2023, um ano depois da oferta de Musk.
No dia seguinte, a sexta-feira (15) que foi feriado em praticamente todo o mundo, o Twiter anunciou um plano que altera os direitos dos acionistas para tentar driblar a tentativa de aquisição. A "pílula"dificulta que o candidato a comprador aumente sua participação acima de 15%. Se isso ocorrer sem a aprovação do conselho, os demais acionistas poderão comprar novas ações da companhia com desconto. A companhia nem tentou disfarçar seu objetivo: afirmou em comunicado que o plano é "semelhante a outros adotados por companhias abertas em circunstâncias semelhantes".
Musk já é o maior acionista individual do Twitter, com cerca de de 9% de todas as ações da empresa. No processo, deixou claro que seu objetivo não era só econômico: disse que sua motivação seria "ter uma plataforma pública que seja o mais confiável possível e amplamente inclusiva", por considerar que isso seria " extremamente importante para o futuro da civilização". Antes, já havia afirmado que o principal problema do Twitter não era o "abuso" mas a "censura" e acusado a rede de "ameaçar a democracia":
Para Musk, o Twitter parece ser mesmo a "praça pública de fato", porque a usa dessa forma, mas despreza o fato de que é, também, um negócio sujeito a regras. O comportamento excêntrico do bilionário gerou uma farta de produção de textos na tentativa de interpretar suas ações. Em um deles, o diagnóstico é que ele controla Tesla, Space X e The Boring Company (uma atividade menos conhecida, mas que já nasceu cercada de polêmica), mas sua atividade favorita parece ser tuitar.
Nesta segunda-feira (18), ainda sem o desfecho que um negócio que pode redefinir o futuro das redes sociais, as ações do Twitter sobem 3,98%, para US$ 46,83 ainda abaixo da oferta de Musk. Esse valor deixa o preço de mercado da rede do passarinho em US$ 35,45 bilhões, também bem abaixo do preço que o bilionário ofereceu. Enquanto isso, ele se diverte com as reações a seus emojis (um tuíte comenta sobre sua resposta com um emoji mostrando a língua e ele reage com outros dois de gargalhada):