Tanta falação, sem ação, sobre uma eventual privatização da Petrobras acabou provocando um efeito colateral: a Federação Única dos Petroleiros (FUP) aprovou o que chama de "agenda de ações de resistência", que inclui greve nacional por tempo indeterminado, caso o governo apresente, de fato, projeto de lei para vender ações da estatal.
Era só o que faltava. O governo federal já tem de lidar com a ameaça de greve dos caminhoneiros, agora encara também o risco de parada na produção de combustíveis. Como disse nesta terça-feira (27) o presidente da CPI da Covid:
– A Presidência é uma instituição, não é um cargo de boteco, onde você fala o que quer, tomando cerveja e comendo churrasquinho.
Aziz se referia à famigerada live em que Bolsonaro associa vacinas contra a covid à aids. Mas pode perfeitamente ser aplicada a esse caso. O presidente não se comporta como tal, mas como um comentarista irresponsável da vida nacional. E paga o preço de quem semeia ventos: colhe tempestades.
Sacudir o espantalho da privatização sem sequer ter um plano acabado – existe apenas um esboço – pode custar ainda mais caro. Conforme o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, caso tente privatizar a Petrobrás, o governo federal "enfrentará a greve mais forte da história da categoria em defesa do patrimônio público nacional".
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.