Como a coluna já descreveu, a nova corrida ao espaço se tornou uma disputa privada —quase de egos — de dois bilionários, Elon Musk com sua Space X, e Jeff Bezos com sua Blue Origin, que embute uma visão de possível inviabilidade futura da vida humana na Terra.
Agora, se Musk havia tomado a dianteira pragmática, com contratos bilionários com a Nasa, Bezos deu a resposta na batalha de marketing com o convite ao ator William Shatner, que viveu o personagem Capitão Kirk na série Jornada nas Estrelas.
Mas a importância econômica da ida do Capitão Kirk ao espaço vai além da corrida por tecnologia e contratos, que já envolve bilhões de dólares. A SpaceX foi escolhida pela Nasa para levar os primeiros astronautas americanos à Lua desde 1972, por US$ 2,9 bilhões, derrotando a Blue Origin e a Dynetics, que presta serviços sob contrato para o setor de defesa.
A curiosidade para acompanhar as peripécias de personagens ficcionais como o Capitão Kirk fez uma geração inteira de nerds buscar formação teórica para explicar tanto os fenômenos celestes, como na astronomia, quanto o funcionamento de máquinas e seus comandos, como a engenharia mecânica e a ciência da computação. Ajudou a formar a base no que hoje são os pilares do chamado ecossistema da inovação.
Em nome da precisão, é preciso observar, o maior ídolo dessa geração era mais Mr. Spock do que o Capitão Kirk. Até hoje a saudação "vida longa e próspera" (foto ao lado), em forma de emoji, é usada por pessoas que transformaram uma série ficcional em inspiração para a carreira. A presença, ainda que por 10 minutos, do Capitão Kirk na fronteira da estratosfera, também é uma mensagem de que a busca do conhecimento traz recompensas.
A coluna espera que, lá do alto, Schatner tenha feito uma homenagem ao colega Leonard Nimoy, que morreu em 2015 mas deixou o legado de uma saudação intergeracional que incentiva a curiosidade, o compartilhamento e a inovação.