O negócio está começando a se estruturar, mas já ganhou um incentivo: a AnKur Embalagens Compostáveis, de Novo Hamburgo (RS) ficou entre as 40 brasileiras selecionadas na Competição Global de Novos Negócios Verdes ClimateLaunchpad, da plataforma de inovação multisetorial Climate Ventures.
Criada por Andressa Kasper e Karina Diehl, a AnKur tem como objetivo reduzir a poluição e estimular a consciência ambiental. O Brasil é o quarto país que mais gera lixo plástico, do qual apenas 1,3% é reciclado, conforme o World Wildlife Fund for Nature (WWF).
A AnKur pretende começar a fornecer, a partir de setembro, bandejas feitas de amido de mandioca com sementes para restaurantes, empresas de alimentos e de hortifrúti. Essas embalagens se decompõem em até 90 dias e podem ser enterradas para semear plantas, colocadas em composteiras ou no lixo orgânico.
A intenção é substituir parte dos resíduos plásticos resultantes da expansão da telentrega durante a pandemia. Pesquisa desenvolvida pelas sócias demonstrou que 64% dos consumidores recebem produtos de delivery em embalagens de isopor e plástico, que podem levar até 450 anos para se decompor. E 81% dos mais de 580 entrevistados afirmaram que gostariam de trocar esse material por componstáveis e biodegradáveis, mesmo que precisassem pagar mais por isso.
Andressa Kasper detalhou à coluna que o negócio está em fase de prospecção comercial, para verificar quais os tamanhos de bandeja mais usados para definir os primeiros produtos:
— Antigamente, uma nova empresa montava toda a estratégia, depois ia entender os clientes. Perdia muita grana. Nossa intenção é começar a produzir com fila de espera. O negócios vai iniciar pequeno, não podemos oferecer cem tipos e tamanhos. Mas a AnKur deve ser a primeira indústria de compostáveis no Estado. Existem outras cinco no Brasil, mas só em São Paulo e Rio, Estados que estão mais avançados na questão ambiental.
Segundo Andressa, o avanço do modelo ESG (governança corporativa, ambiental e social) ajudou a tirar da gaveta um projeto que estava lá há três anos. O desenvolvimento da embalagem de amido de mandioca foi feito por uma doutoranda da UFRGS em biopolímeros.
— Havíamos iniciado a pesquisa, não víamos possibilidade real. Parecia uma visionária falando com as pessoas sobre embalagens compostáveis. Agora, parece um momento mais adequado.
Para colocar o negócio em pé, diz Andressa, as sócias vão reunir parte de recursos próprios e buscar financiamento na linha Finame, para máquinas e equipamentos, do BNDES.
— Não esperávamos ser finalistas do Climate Lauchpad. É possível que isso dê visibilidade e venha dinheiro de outros lugares. Estamos abrindo a cabeça para possibilidades que não havíamos pensando ainda.
Além da AnKur, as gaúchas Tidesat e 4process também são finalistas da ClimateLaunchpad.