Com o processo de venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) se encaminhando para a fase final, os postos de combustíveis estão "inseguros" com a venda da refinaria ao grupo Ultra, dono da rede de postos Ipiranga.
Na avaliação do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Lubrificantes no Estado (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, a privatização trará benefícios, mas pondera que insegurança das outras revendas vem do novo modelo de negócio no setor.
— Como entidade, somos a favor de privatizar, somos a favor da disputa de mercado. Não entendemos que será criado um monopólio, pois o próprio grupo vai querer ampliar a capacidade produtiva da refinaria. Claro, deve ter um ajuste de mercado, e quem for maior terá mais oportunidades. As outras revendas estão inseguras, pois é um novo modelo de negócio que estão trazendo — afirma.
Na quinta-feira (2o), o grupo fez mais um movimento para obter recursos para financiar a compra da Refap: o Ultra anunciou que está recebendo propostas pela Oxiteno, empresa petroquímica avaliada em cerca de US$ 1,5 bilhão com 11 unidades industriais no polo gaúcho de Triunfo, em São Paulo, Bahia, México e Estados Unidos. Dal’Aqua pondera que o sindicato espera que a empresa "jogue junto com o setor":
— Se não for assim, temos a função de trabalhar e expor anomalias. A gente tem conversado com o grupo Ultra, mas ainda não é nada formal. Estamos evoluindo e conversando.
Para o presidente do Sindicatos dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS) , Fernando Maia da Costa, o Ultra/Ipiranga vai "dominar" o refino e distribuição de derivados de petróleo (como diesel e gasolina) no Estado.
— Não haverá nenhum tipo de possibilidade de as demais distribuidoras trazerem esses derivados, pois os únicos locais de acesso são os terminais que estão incluídos no 'pacote'. As outras distribuidoras vão depender da boa vontade da Ultra para receber derivados. O preço também dependerá da vontade deles — pondera.
Para Costa, se não houver órgão fiscalizador "efetivamente comprometido com a garantia de um mercado justo", a negociação tornará o mercado do Estado "refém" de apenas
um grupo econômico.
O grupo Ultra
É dono da rede de postos Ipiranga, que comprou em parceria com Petrobras e Braskem, em 2007. Tem maior proximidade com o Estado, tanto pela forte presença da marca Ipiranga e sua identificação com o os gaúchos quanto por outros negócios que tem por aqui: uma pequena unidade no polo petroquímico de Triunfo (Oxiteno) — que está negociando — e um terço da refinaria de Rio Grande. Ainda é dono de Ultragaz e Ultracargo.
* Colaborou Camila Silva