O primeiro trimestre da Lojas Renner foi agridoce: a rede de varejo gaúcha abriu caminho para a captação de R$ 3,98 bilhões no mercado financeiro, concluída no mês passado, mas enfrentou queda de 12% na receita de vendas e de 11,3 pontos percentuais na margem líquida na comparação com o mesmo período de 2020.
O prejuízo foi de R$ 147,7 milhões no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, havia registrado lucro de R$ 7,1 milhões.
Ao comentar os dados do balanço trimestral com a coluna, o diretor financeiro da Renner, Álvaro de Azevedo, admitiu que fazer alguma aquisição é uma possibilidade:
– Não há negociação formal. Há estudos tanto de projetos orgânicos quanto inorgânicos (compras de outras empresas), mas não há qualquer conversa específica.
A coluna quis saber se a Renner não estava recebendo ofertas de venda de empresas, já que está capitalizada. Azevedo negou. Segundo o diretor financeiro, o planejamento da captação começou em setembro de 2019, desde estão previsto para "avançar na consolidação do ecossistema", em 12 a 18 meses. Isso quer dizer que a rede quer avançar em todas as direções, físicas e digitais. A abertura da primeira loja "guide" da Renner no Brasil, em Garibaldi, no mês passado, é um sinal desse rumo.
– Estamos testando, ofertando os produtos que tradicionalmente vende na loja física, mas também colocando nosso e-commerce. É uma loja menor do que o padrão na Renner, para obter sinergia entre as quatro empresas do grupo, a Renner, a Camicado, a Youcom e a Realize, braço financeiro que está em crescimento.
Conforme Azevedo, a Camicado já opera como marketplace (espécie de shopping virtual) no segmento casa, um dos mais beneficiados pela pandemia. Agora, a Renner está "capturando o aprendizado" da empresa-irmã. A coluna quis saber se rede de moda viraria um marketplace, o executivo disse que não se trata disso:
– A Renner é uma plataforma que pode oferecer produtos e serviços opcionais, um sortimento maior, aumentando as oportunidades de novos clientes. Não é um marketplace, é um dos braços da estratégia do ecossistema, um laboratório para pilotar, um aprendizado.
Os resultados negativos no primeiro trimestre, disse Azevedo, devem-se à pandemia. Em março, as lojas ficaram abertas em apenas 69% do horário disponível. No final do trimestre, apenas 38% dos pontos de venda estavam em operação. Agora, todos estão abertos, embora ainda não em 100% do horário.
– A gente vê a retomada com otimismo e cautela, muito relacionada ao avanço da vacinação – afirmou o executivo.