Depois do dia de pânico que na véspera arrastou ações, dólar, juro e risco Brasil, a terça-feira (23) foi de certa reação nos mercados. As ações da Petrobras, que haviam desabado 20,48% (ordinárias) e 20,71% (preferenciais), recuperaram parte da perda, fechando em 8,86% e 12,17%, respectivamente.
Com isso, a estatal recupera ao redor de R$ 30 bilhões da perda de cerca de R$ 100 bilhões em valor de mercado nos dois pregões mais recentes, apesar de o intervencionismo presidencial ainda estar no radar de investidores e especuladores.
A recuperação da Petrobras chegou a ser mais intensa, mas murchou no final da tarde diante da representação do Ministério Público de Contas ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo que não ocorra alteração no comando até julgamento sobre a interferência do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Também se recuperaram os papéis do Banco do Brasil (5,55%) e, com mais força, os da Eletrobras (13%). A alta nas ações da empresa de energia elétrica decorreu do anúncio de uma medida provisória que prevê a capitalização da empresa (venda de ações ao mercado). Nesse modelo, a União, que hoje tem 42,57% das ações ordinárias, não aportaria recursos. Como outros investidores ampliariam sua participação, o governo federal abriria mão do controle, privatizando a empresa. Mas ainda há dúvidas sobre o alcance real da MP.
A reunião do conselho de administração da Petrobras se estendeu até o início da noite e, até o horário em que esse texto foi publicado, ainda não havia confirmação da convocação de uma assembleia-geral extraordinária para avaliar a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Itaipu, para substituir Roberto Castello Branco. O nome já está em análise pelos comitês de pessoas (o velho e bom RH) e de auditoria da estatal, para confirmar se atende aos requisitos da Lei das Estatais: experiência de 10 anos de liderança e quatro em cargo de direção.
Apesar da indefinição, o dólar também se acalmou ao longo do dia, fechando praticamente estável em relação ao dia anterior, em R$ 5,45. O terremoto provocado pelo pé na porta de Bolsonaro ainda pode ter réplicas, mas ao menos a primeira onda de choque parece ter amainado. O terremoto provocado pelo pé na porta de Bolsoaro pode ter réplicas, mas a primeira onda de choque parece ter amainado. A coluna perguntou a um experiente analista de mercado se a crise acabou.
– Está só começando – foi a resposta, com um resumo das façanhas presidenciais mais recentes.