Além da forte reação das bolsas internacionais, que despencaram na manhã desta sexta-feira (2) com a confirmação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está com covid-19, há tendência de piora nas condições de países emergentes como o Brasil.
Economista-chefe da corretora Necton, André Perfeito revisou sua projeção para o cotação do dólar no final de ano de R$ 5,90 para R$ 6.
Segundo Perfeito, que costuma ser cauteloso nas estimativas, a perspectiva que ele Trump pode adoecer "está jogando os mercados para baixo e tem potencial de estressar ainda mais os ativos". A principal justificativa é uma velha conhecida no mercado, a incerteza. Se já havia duas poderosas interrogações abertas até agora, o resultado da eleição para a Presidências dos EUA e a evolução da pandemia de coronavírus, surgiu mais uma.
Como o diagnóstico surgiu faltando apenas um mês para eleição americana, até o futuro dessa escolha se tornou incerto, como observa o colega Rodrigo Lopes. No mínimo, está em dúvida a realização de novos debates nas próximas duas semanas, metade do tempo que falta para o dia marcado para votação. Considerando os resultados do primeiro, isso pode até beneficiar Trump, mas torna as projeções de resultados mais difíceis.
Esse aumento de incerteza costuma levar à aversão ao risco, ou seja, os investidores se refugiram em mercados mais seguros. Países com economia fragilizada, como Brasil, tendem a ser mais afetados. E o fato inesperado colhe o país em um momento de grande fragilidade, com endividamento crescente e dúvidas sobre o compromisso do governo Bolsonaro com o ajuste fiscal.
Na manhã desta sexta-feira (2), o dólar começou o dia em leve baixa de 0,16% no Brasil, enquanto a bolsa acompanha os pregões de Ásia e Europa, com redução de 0,53%. Se há uma boa notícia, do ponto de vista geral, é que a dívida pública nacional não é mais atrelada ao dólar. Não é muito, porque está difícil de colocar títulos no mercado com o juro atual, mas é alguma coisa.