Estourou a bolha? Essa é a pergunta que mais se ouve diante das perdas multibilionárias das empreas de tecnologia na Nasdaq, bolsa de Nova York especializada nesse segmento. Será uma nova crise das pontocom, como no início dos anos 2000?
A maioria dos analistas tem uma resposta simples para explicar a perda de US$ 460 bilhões em apenas dois dias e só para Amazon, Apple, Facebook, Google e Netflix: a bolha estourou porque havia uma bolha.
Esta terça-feira (8) é dia de retomada nos mercados também nos Estados Unidos, porque a segunda-feira (7) tambem lá foi feriado, do Dia do Trabalho. E as ações seguiram em declínio. No fechamento, a Apple caiu 6,7%, a Amazon, 4,4%, o Facebook, 4%, a Alphabet (Google), 3,6% e a Netflix, 1,8%.
Para entender o raciocínio dos analistas, que parece simplista – a bolha estourou porque havia uma bolha –, é preciso voltar um pouco atrás. Mas não muito: em 19 de agosto, a Apple se tornou a primeira empresa da história a atingir valor de mercado de US$ 2 trilhões. Sabe o que é isso? Mais do que todo o PIB brasileiro de 2019, que foi de US$ 1,98 trilhão. Uma única empresa "vale" mais do que toda a riqueza gerada por um país em um ano? Não, né?
Não por acaso, é a Apple que sofre mais com o "estouro da bolha": só na quinta-feira (3), a empresa perdeu US$ 180 bilhões em valor de mercado. Uma empresa, em um dia. É isso que os analistas querem dizer que a bolha estourou porque foi formada. E por que se formou?
Enquanto os países faziam pacotes de resgate proporcionais aos tamanhos das quedas previstas para suas economias, parte desses recursos iam para o mercado de capitais. Enquanto os PIBs trimestrais caiam em proporções históricas, as bolsas de Nova York, Nyse e Nasdaq, quebravam recordes de alta. E na avaliação dos investidores, as empresas que mais se beneficiariam de uma crise que forçou a digitalização seriam as big techs. Mesmo que tivessem de dar explicações ao Congresso americano por práticas monopolistas.
E agora? As big techs vão virar little techs ou quebrar? É claro que não. O papel de "vencedoras" da pandemia está consolidado. Há consenso de que o atual estouro de bolha, ao contrário da crise das pontocom, é só um ajuste de preço. Não muda a situação dominante das empresas, que devem continuar ganhando muito dinheiro. E é bom lembrar que a perda de valor de mercado é importante, mas é diferente de prejuízo direto no caixa.