São dias de palavras fortes na relação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro. O "posto Ipiranga" disse, supostamente brincando, que há um "complô" contra ele em Brasília, durante reunião com secretários estaduais de Fazenda nesta quinta-feira (27). Mas o Guedes autoirônico não é o mesmo que, na famigerada reunião ministerial de 22 de abril, advertia colegas para que não cometessem o "erro" de falar em Plano Marshall ao se referir a medidas para retomada da economia.
Naquele dia, logo depois, o chefe da Casa Civil, Walter Braga Neto, apresentou o "Pró-Brasil" – sem a presença de Guedes, como o Casa Verde e Amarela. Na época, foi um sinal de desprestígio do programa. Nesta semana, a falta de Guedes foi encarada como fragilidade do superministro. Naquele momento, também nascia uma inimizade relevante.
Guedes chegou a chamar de "traidor", diante de testemunhas, o colega recém-promovido a ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, o real artífice da aprovação da reforma da Previdência.
O uso da palavra foi reação ao apoio de Marinho aos ministros militares no plano que acabou sendo chamado de Pró-Brasil, que incluía investimentos em obras pública.
Foi a primeira manifestação dos "fura-teto", como Guedes carimbou os colegas que querem gastar. Agora, o Plano Pró-Brasil deve ser o eixo do "big bang" (se ainda houver) de Guedes, e será criado por decreto, com direito a obras públicas e um comitê técnico com custo extra anual ao redor de R$ 400 mil.
Não é preciso muito mais para concluir que, se não há exatamente um complô, Guedes também não é mais unanimidade no Planalto. E nem no mercado. À coluna, um nome de referência disse que "Guedes talvez não represente mais uma segurança como no passado, há outras forças para manter a responsabilidade". A percepção de que o "posto Ipiranga" entrega muito pouco está se disseminando. Embora ninguém arrisque palpite sobre a duração no cargo, já não falta quem compare a situação do "posto Ipiranga" no governo hoje com a de Joaquim Levy no governo Dilma.