No início deste mês, a Claro lançou o serviço de telefonia celular 5G no Brasil. No final deste mês, a Vivo começa a oferecer em alguns bairros de Porto Alegre conexão com a nova tecnologia que ainda não teve leilão de novas frequências, previsto apenas para 2021.
Mas, afinal, como é possível oferecer uma tecnologia que ainda não teve largada oficial no país? A explicação está em três letrinhas que vêm depois do 5G: DSS, de Dynamic Spectrum Sharing.
É uma tecnologia que redistribui os espectros eletromagnéticos (espécie de faixas de frequência, como as usadas para sintonizar rádios) já existentes de outras redes, da 2G à 4G, e oferece uma espécie de aproximação do 5G "completo". Segundo Paulo Cesar Teixeira, CEO da Claro, primeira empresa que usou esse caminho, isso já permite velocidade 12 vezes maior do que o 4G convencional.
– Estávamos fazendo testes com essa tecnologia, mas faltava o elemento principal, o aparelho que pudesse se beneficiar desse ganho de velocidade sem que precisasse ser trocado quando entrasse o 5G completo. Quisemos esperar até que houvesse uma marca de celular reconhecida no Brasil para estrear – relata Teixeira.
No jargão do setor, o que a DSS faz é um "refarming", um tipo de reaproveitamento dos espectros de frequência que as operadoras compraram para 2G, 3G e 4G. A tecnologia permite um compartilhamento dinâmico desses espaços quando identifica um aparelho apto para usar o 5G.
– Como há migração dos clientes para a tecnologia mais recente, é possível fazer um reuso de frequências que ficaram ociosas – detalha.
Além de aumentar a velocidade, o 5G DSS também reduz a chamada latência, que é o tempo de resposta a comandos. Conforme o executivo, além da Motorola, com a qual a Claro fez parceria para a estreia nacional, até o final do ano as unidades de produção da Samsung e da LG no Brasil também deverão ter aparelhos capazes de usar o 5G DSS.
Outro elemento-chave para o usuário tenha experiência de melhora na qualidade do uso do celular, detalha Teixeira, é o chip SnapDragon da Qualcomm, porque é preciso uma capacidade maior do que os atualmente usados em aparelhos até 4,5G. A parceira de tecnologia 5G da Claro até agora é a sueca Ericsson, mas o executivo prefere nem discutir a escolha que o Brasil terá de fazer para o leilão do próximo ano, admitindo ou não a participação da chinesa Huawei, acusada de espionagem pelo governo dos Estados Unidos.
– Como esse assunto está muito sensível e depende de uma decisão de governo, não vamos emitir opinião sobre isso. Hoje, usamos tecnologia de Ericsson, Nokia e Huawei.