Um negócio fechado em plena pandemia fez que dois parques eólicos do Sul do Estado mudassem de mãos. As instalações de Santa Vitória do Palmar e de Chuí foram vendidos pela Eletrobras à Omega por R$ 1,5 bilhão entre pagamento à estatal e absorção de dívidas.
Antonio Bastos Filho, CEO da Omega Geração, adiantou à coluna que a empresa vai investir mais entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões no Estado na construção de um centro de operações e em um plano de negócios que vai promover "melhorias no ativo". Também há planos de contratação de mão de obra local, embora ainda sem definição de quantidade, e destinação de R$ 10 milhões a projetos sociais.
Bastos Filho é fundador e sócio da Omega Geração, controlada pela gestora de recursos Tarpon, criada em 2002 e conhecida pela ousadia, por ter feito a primeira oferta hostil (compra sem a concordância do vendedor) do país, pela Acesita, em 2006. A Omega, portanto, é 100% brasileira e tem os braços Geração, focado na compra de empreendimentos já instalados, e Desenvolvimento, que tem um projeto no Cassino, em Rio Grande, ainda sem investimento. Quando a coluna perguntou porque investir no Estado, o empresário respondeu:
– Primeiro, o que é notável, porque já entrevistamos pessoas para contratar, é a qualidade da mão de obra. É um diferencial importante. Vamos contratar no Estado boa parte do time que vamos formar e até formar gente para levar a outros locais onde temos investimento. Depois, a infraestrutura é muito boa, a estrada para chegar lá funciona bem, não tem buracos. Por mais que a situação fiscal do Estado não seja boa, a infraestrutura está preservada. E, claro, tem a questão do recurso natural, que é o vento. Isso tudo somado nos fez ter interesse.
Bastos Filho contou que já esteve duas vezes nos parques do Sul, e ficou impressionado porque, em uma delas, havia uma névoa da qual só emergiam os aerogeradores, lá no alto. Conforme o empresário, a Omega pretende fazer uma otimização operacional dos parques, com sistemas de informação, revisão de contrato com fornecedores e até com aumento da potência dos aerogeradores, chamada de repowering no segmento, sem trocar o conjunto de motor e pás. Esse plano está em estudo com as parceiras GE e Siemens.
– Se a operação continuasse como é hoje, daria uma taxa de retorno baixa. Esse investimento foca em um novo plano de negócios que prevê uma série de melhorias que vamos promover no ativo.
Na próxima segunda-feira (3 de agosto), uma equipe da Omega já começa a acompanhar, com a Eletrobras, a operação dos parques, mas Bastos Filho prevê que a empresa só deva assumir totalmente o negócio em novembro.
A negociação entre a Eletrobras e a Omega envolveu a absorção, pela compradora, de dívidas de R$ 577,2 milhões do Complexo Santa Vitória do Palmar, conhecido como Geribatu. Esse valor foi maior do que o pago no caixa pela Omega por 78% do parque, de R$ 434,5 milhões. Os outros 22% seguem com a Brave Winds, empresa de investimentos. A Omega também comprou 99,9% dos parques Hermenegildo 1, 2 e 3, além de Chuí 9. Assumiu R$ 378,7 milhões em dívidas e pagou outros R$ 134 milhões.