Passava pouco das 14h30min quando começaram a piscar os telefones de operadores e analistas de mercado com especulações sobre o conteúdo do vídeo apresentado nesta terça-feira a pessoas-chave no inquérito que apura se houve interferência do presidente Jair Bolsonaro na direção da Polícia Federal (PF). Até esse momento, a bolsa operava em alta e o dólar ensaiava até um ligeiro recuo na cotação. A partir daí, a bolsa entrou em baixa, para fechar com queda de 1,46% e a moeda americana partiu na direção de um novo recorde nominal, confirmado em R$ 5,866 no final das operações.
O que despertou temores foi a suposta afirmação de Bolsonaro de que queria mudar o superintendente da PF no Rio para proteger sua família. Conforme analistas, seria motivo suficiente para um impeachment. O presidente negou que os filhos tivessem sido o motivo da troca, mas não conseguiu recuperar o susto de investidores e especuladores.
Há dias, os relatórios de abertura e de fechamento de mercado, que são espécies de mapa do que vai influir nos rumos de ações de do câmbio, incorporaram inquietações sobre o futuro do ministro da Economia, Paulo Guedes, movimentações de Bolsonaro na direção do Centrão e as sucessivas crises abertas pelo presidente. O assunto também está presente em avaliações sobre o Brasil destinada ao consumo de investidores internacionais. Um dos que mais chamou atenção nesta terça-feira (12) foi o da Gavekal Research, um dos maiores centros independentes (não ligado aos grandes grupos financeiros) de pesquisa de investimentos.
Assinado por Armando Castelar, coordenador de pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas, tem como título "Brazil's Burning House" (algo como a Casa em Chamas do Brasil). No texto, Castelar afirma que "no momento, é melhor deixar o Brasil para especialistas, malucos, oportunistas de longo prazo e aqueles sem outras opções". Entre os motivos, afirma que "investidores estão horrorizados com os custos econômicos de tal confusão, como mostra a saída de capital e a moeda em queda".