Se o governador eleito Eduardo Leite preferiu manifestar sua contrariedade com a decisão do governo Sartori de liquidar até o final deste mês a redução de capital do Banrisul, alguns de seus aliados subiram o tom em conversas reservadas. Com a medida, o capital do banco estadual vai encolher R$ 353,3 milhões.
E isso vai ocorrer só porque era uma estratégia montada para pagar menos impostos na venda de ações da Banrisul Cartões. A operação foi cancelada, oficialmente por falta de condições de mercado, e esse desdobramento também poderia ter sido adiado.
Nesta quarta-feira (21), antes de ser homenageado na Federasul, José Ivo Sartori comentou a decisão que, na prática, significa entrada de R$ 176 milhões no caixa único no dia 30. São recursos da tesouraria do Banrisul.
– Nós não vamos abrir mão de todos os atos que praticamos no governo, inclusive daqui para a frente – reagiu, dando sinal de que não pretende abrir mão da última palavra até o final do mandato – disse Sartori.
No entorno próximo de Leite, critica-se o discurso de não vender o banco para preservar patrimônio público, mas por uma “série de barbeiragens”, ir torrando pedaços da instituição.
Sartori admitiu que os recursos da redução de capital irão para despesas de custeio e ponderou que o banco “pode colaborar” para amenizar a situação de escassez de recursos que afeta não só a folha de pagamento, mas os repasses a hospitais públicos. O secretário da Fazenda, Luiz Antônio Bins, pondera que, como a Banrisul Cartões já está criada, o “encolhimento” não a afeta, caso o futuro governo resolva retomar a operação de venda de ações. Impacta, porém, o patrimônio da estrutura original do banco. O episódio, ainda que tenha sido tratado com cuidado publicamente, comprometeu o ambiente cordial da transição.