Giovana Stefani toma posse nesta terça-feira (26) como primeira presidente mulher do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), entidade que de orientação liberal que promove há quase 30 anos o Fórum da Liberdade. Diz estar orgulhosa e ver como reflexo da maior participação feminina na entidade. Integrante da gestão do Grupo Stefani, especializado em transporte de combustíveis, Giovana assiste no dia a dia o que defende em tese no polêmico caso da tabela de fretes, intervenção estatal a pedido de um segmento que transtorna várias atividades.
Como vê o fato de atrair atenção por ser a primeira presidente mulher?
Para mim é motivo de orgulho, vejo como reflexo dos novos tempos. Temos muitas mulheres competentes e preparadas para assumir posições de liderança, há vários exemplos na sociedade, CEOs de grandes empresas, também no meio político e à frente de entidades empresariais. No IEE, o percentual de mulheres aumentou gradativamente nos últimos 10 nos. Estamos com cerca de 40% de participação das mulheres no quadro associativo. Então, isso também aumenta a probabilidade de uma mulher assumir a presidência do instituto, no mesmo posto de um associado homem. É mesmo questão de competência e meritocracia. Espero que, sendo presidente, também incentive outras mulheres a buscarem esse posto. Muitos me incentivaram, não senti nenhum tipo de preconceito.
Qual será sua marca no IEE?
Temos um propósito muito claro: nosso trabalho mais importante é o de formação de novas lideranças. Iniciamos a gestão com foco muito forte na formação de lideranças, com seminários e cursos complementares. Temos foco também na possibilidade de certificação ao final do processo de formação dos associados, como de MBA. Hoje, há um processo informal. Em trabalho que se iniciou na gestão passada, buscamos parceria com uma instituição de um centro de excelência para isso. E na pauta do Fórum da Liberdade queremos trazer nomes fortes.
Como uma liberal na gestão de uma empresa de transporte de combustíveis vê o tabelamento do frete?
O que passamos é justamente reflexo da postura do brasileiro de demandar soluções ao Estado e benefícios governamentais direcionados a um determinado setor. Só que isso, como podemos ver na prática, ocorre sempre em detrimento a outros setores, prejudica toda uma cadeia. Vemos uma intervenção em contratos que deveriam ser privados. O tabelamento do frete se mostrou inviável na prática. Até agora, nem o governo tem a solução para isso. De certa forma, é impossível regulamentar todas as possibilidades de formação do preço do frete, é um cálculo extremamente complexo que envolve inúmeras variáveis, como o ano do caminhão, o modelo e o peso da carga. Traz insegurança jurídica. Como as regras não estão claras, não se sabe como a atitude tomada hoje será avaliada daqui três anos.
Como se administra esse dia a dia?
Enquanto as regras são dadas, temos que segui-las. Estamos nos cercando de especialistas das áreas jurídica e contábil para seguir as regras da melhor forma possível. Mas é custo Brasil mais uma vez inviabilizando as atividades das empresas.