Enquanto o país espera do governo uma solução para a crise dos combustíveis, o mesmo governo tranca a evolução de uma alternativa à gasolina e ao diesel. Prometida desde o ano passado, segue estacionada a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos elétricos. Hoje, automóveis flex comuns, por exemplo, têm alíquota de 7%, mas nos elétricos puros chega a 25% e, nos híbridos, a 13%.
É uma opção ainda longe de ser massificada, mas não há razão para o Planalto sentar em cima do incentivo a essa nova tecnologia que cada vez mais ganha terreno nos EUA, na Europa e na China. Tanto para carros de passeio quanto para caminhões e ônibus, embora ainda existam gargalos, como os pontos de recarga en rodovias e o custo da tecnologia. O número de veículos ainda é muito pequeno em relação ao total da frota. Assim, a perda de arrecadação seria microscópica.
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores mostram que, de janeiro a abril, foram vendidos no Brasil 1,26 mil automóveis híbridos e elétricos, 70% acima de igual período de 2017. E isso que, conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que reúne montadoras e fornecedores de componentes, a comercialização perdeu ritmo devido à espera pelo corte do IPI que não vem, junto com o Rota 2030, política industrial do setor criada para o substituir o Inovar Auto. As promessas renovadas a cada mês de uma decisão não não se confirmam.
— O governo está enrolando. Os benefícios dos veículos elétricos são incontestáveis, mas a questão principal é o custo de aquisição — reclama o presidente da ABVE, Ricardo Guggisberg.
No país, são 7,5 mil carros e comerciais leves do gênero em circulação. Algumas capitais brasileiras têm ônibus elétricos no transporte urbano. Na China, são 1,2 milhão de veículos elétricos. Nos EUA, 950 mil.
Hoje, todo carro elétrico que é vendido no mercado doméstico é importado. Mas os fabricantes de veículos leves e pesados instalados no Brasil já avisaram que, caso exista incentivo, é possível produzir no país.