Foi um final de semana de contrastes entre indicadores da “vida real” e do mercado financeiro. A divulgação oficial do Caged, balanço entre contratações e demissões com carteira assinada, mostrou que, no mercado de trabalho, o modo “despiorou” ainda não foi superado. A recessão ficou para trás, mas a crise no emprego persiste: 2017 foi o terceiro ano consecutivo com mais desligamentos do que admissões.
No acumulado desde 2015, foram fechados 2,88 milhões de postos de trabalho. É verdade que 99,5% desse total veio de 2015 e 2016. O saldo negativo do ano passado, de 20,8 mil representa quase estabilidade frente aos tombos abruptos dos anos anteriores. Mas ainda é negativo. Em vários outras áreas, a saída da recessão é marcada por indicadores positivos, mesmo tímidos. É a lenta e custosa subida ladeira acima, que deve tardar até atingir os mesmos níveis de 2014.
Ao contrário do que se anunciava, até agora o efeito da reforma tributária foi mais esvaziar do que robustecer essa estatística. No Estado, o quadro é similar, com o agravante do ambiente ainda mais fragilizado por conta da situação fiscal ainda pior do que a nacional.
Ainda que seja possível que 2017 tenha sido o último ano da crise recente com mais demissões do que contratações, o cenário ainda não permite falar em “otimismo”, como fizeram os técnicos do Ministério do Trabalho ao anunciar os dados, na sexta-feira (26). Constrangida pelas circunstâncias em torno da cadeira do titular, a pasta deveria mostrar empatia com a dureza da vida real apontada em suas próprias estatísticas.