Depois do susto, baixou a expectativa de que a Embraer seja abduzida pela Boeing sem ninguém ficar sequer sabendo. A hipótese mais provável, a essa altura, é de que o avanço da gigante americana se restrinja a 35% das ações da ex-estatal brasileira. O que ainda intriga é o fato de as duas empresas terem evoluído tanto nas conversas a ponto de emitir nota sem consulta prévia ao governo brasileiro.
Embora o BNDESPar tenha apenas 5% das ações da Embraer, é a golden share (ação especial) da União que garante poder de veto do Planalto à mudança de controle da empresa. Com 64,5% das ações espalhadas no mercado, a fabricante brasileira de aviões é uma empresa de capital pulverizado, ou seja, não existe um controlador. O fundo de investimento que mais detém papéis da Embraer é o Brandes, um gestor americano que elevou a participação de 14,2% para 15% no início do mês.
Além da Embraer, o Brandes tem participações no Citigroup, Pfizer, Telefonica, Sanofi, Microsoft, Petrobras, GPA (Pão de Açúcar, Ponto Frio, Casas Bahia). O segundo maior é o britânico Mondrian, com 10% das ações e muito interesse no Brasil: também tem fatias de Suzano, Itau Unibanco e Ambev. Lá fora, está em Santander, Pfizer, Citigroup e Honda Motor.
O sócio mais famoso é o Blackrock, considerado o maior gestor de ativos do mundo. Com 5,6% do total, só marca presença em negócios rutilantes: Apple, Microsoft, Amazon, Facebook, Johnson & Johnson, Citigroup e Intel, entre outros.
A aparente pressa da Boeing parece ter ignorado um clichê que adverte sobre o risco de manobras bruscas a bordo de uma grande nave. Também deve ter passado ao largo de um dos cinco pilares da empresa: ser protagonista da cadeia de defesa e segurança do Brasil.
Não tão rápido, rapazes.