Chega a ser dolorosa a comparação do Brasil do recorde de pontos na bolsa de valores, em maio de 2008, com o momento histórico de sua provável superação. Nos próximos dias, talvez ainda hoje, o Ibovespa vai passar do limite de 73.516 pontos atingido há nove anos, mas a situação econômica nem de longe lembra o que alavancava o mercado de capitais na época e hoje. Parte da euforia é provocada pelas revisões sobre o crescimento do PIB ainda neste ano, que partiram da média de 0,39% na semana anterior à divulgação dos resultados do segundo semestre para 0,5% na semana passada – e devem se dilatar, uma vez que economistas situam o avanço em 1%.
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A animação é tal que analistas de grandes bancos, como o Bank of America Merrill Lynch projetam teto da bolsa para este ano em 75 mil pontos. Caso se confirme, significa duplicar a pontuação em 24 meses. O piso dos anos de crise ocorreu em janeiro de 2016, com 37.497 pontos. Ainda assim, será um recorde estranho. Em maio de 2008, o Brasil havia conseguido registrar um até então inédito superávit nominal – a arrecadação pública era suficiente para pagar toda a despesa, cobrir o gasto com juros da dívida e ainda sobrava dinheiro. Foi tão rápido quanto um sonho de uma noite de outono, estação da época. É provável que o novo pico também seja breve.