Mais rapidamente do que o esperado, o governo federal decidiu voltar a aceitar o carvão como combustível em usinas que se candidatarem a leilão público previsto para dezembro. Edital publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial da União prevê um leilão A-6 (significa que a eletricidade deverá ser entregue em prazo de seis anos a partir da assinatura do contrato) "a partir de termelétricas a biomassa, a carvão, e a gás natural em ciclo combinado".
O carvão estava fora dos leilões oficiais – forma de viabilizar financiamentos para os projetos – desde 2014. O prazo diferente do usual para esse tipo de geração – o mais comum é ter cinco anos de prazo – seria decorrente do fato de que a demanda por mais energia deve ocorrer em prazo mais longo, em decorrência da recessão que o país atravessa e do baixo crescimento previsto para os próximos anos.
Leia mais
Um novo aceno para o carvão
Estado tenta valorizar usinas da CEEE-GT
Pequenas usinas destravadas podem alcançar valor bilionário
Conforme o secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, há dois potenciais candidatos a esse leilão: o projeto da Ouro Negro, que prevê duas plantas de 300 megawatts (MW) em Pedras Altas, estimado em R$ 3 bilhões, e o da Eneva (empresa que comprou a MPX de Eike Batista), de uma unidade equivalente à Pampa, em Candiota.
A Ouro Negro se apresenta como parceira da chinesa Sepco1 (Shandong Eletric Power Construction Corporation), subsidiária da Power China, e do NWEPDI (Northwest Eletric Power Design Institute). A Eneva tem como maiores acionistas o BTG Pactual e o Cambuhy, fundo de investimento da família Moreira Salles (fundadores do Unibanco).
Mais do que um sucesso no leilão previsto para dezembro – a data e a própria realização ainda podem ser ajustados –, a leitura do governo do Estado sobre a decisão é de que abre caminho para outro projeto no Rio Grande do Sul, o que envolve a mineradora Seival e investidores japoneses em torno da tecnologia conhecida como Super Ultra Crítica (SUC), capaz de reduzir as emissões da geração a carvão.