Três números excepcionais, no bom sentido, foram recebidos com grande cautela. A produção industrial teve o melhor maio desde 2011, com avanço de 0,8% sobre abril e o dado mais fora da curva, 4% de alta em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo o IBGE. E já com dados de junho, a venda de carros novos no país teve alta de 13,5% em relação a igual período de 2016, conforme a Fenabrave.
No Estado, o Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) da Fiergs cresceu 2,4% em maio, na comparação com o mês anterior, mas para a entidade "o resultado não representa a esperada reação do setor". O presidente da Fiergs, Heitor Müller, observou à coluna que o resultado foi obtido "apesar" do cenário político:
– Há uma forte incerteza sobre o futuro de longo prazo.
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Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados do IBGE "sugerem que (...) nada está garantido quanto ao crescimento industrial deste ano".
Na avaliação do Iedi, ainda há "pontos fortes e fracos" nos resultados da produção industrial. Entre os fortes, destaca o segundo mês consecutivo de variação positiva, depois de um começo de ano ruim, e o crescimento na comparação interanual, o mais intenso desde fevereiro de 2014. Entre os fracos, a alta acumulada entre abril e maio, suficiente apenas para anular a queda de março (-1,6%). "O que se pode dizer é que em 2017 a indústria parou de reduzir produção, mas ainda não se habilita a dar partida à recuperação do que foi perdido nos últimos três anos", avalia o Iedi, lembrando que a perda acumulada no período é de 20%.
É inegável que a economia tenta se descolar do ambiente político. Os resultados não foram produzidos "graças" ao governo, mas "apesar" do envolvimento de esferas cada vez mais altas do poder em escândalos de corrupção. Os resultados consolidam o panorama de números mistos que marca saídas de crise. Falta a contribuição dos demais atores.