Ficou claro desde o início que a Federasul não recebia um palestrante usual no Tá na Mesa desta quarta-feira (21). Convidado a falar logo depois de um sorteio de uma estada no Plaza São Rafael, Luiz Alberto Garcia, presidente do conselho de administração do Grupo Algar, engatou outro, de um final de semana na Pousada do Rio Quente, em Goiás. Aos 82 anos, Garcia comanda um conglomerado com faturamento de R$ 5 bilhões e 23 mil "associados" – forma com que são chamados os funcionários da Algar, que tem até hino, para aumentar a sensação de pertencimento.
Uma das imagens que o empresário mostrou foi a de uma bandeira pendurada, na horizontal, entre duas torres, na sede do grupo, em Uberlândia (MG), feita por ele mesmo.
– De vez em quando, enrola. Mas vem um vento e se desenrola sozinha. É isso que eu sempre digo: nosso país é tão bom porque às vezes se enrola, mas se desenrola sozinho – comentou sobre a crise, arrancando risos da plateia.
Segundo Garcia, esta não foi a primeira e não será a última. Avaliou, ainda, que a atual carrega um aspecto positivo:
– Estamos metendo o bisturi no tumor e botando tudo para fora.
Com o comando do dia a dia da empresa com o filho, Luiz Alexandre, Garcia não se contenta com as "três ou quatro" reuniões do conselho por ano. Depois da agenda na Federasul, o empresário vai pegar a estrada até Uruguaiana. A rede da Algar alcança a Fronteira Oeste, e a empresa quer conferir se há mercado que justifique investimento por lá.
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A empresa atua em telefonia corporativa no Estado desde setembro do ano passado e anunciou a abertura de filiais em Caxias do Sul e Passo Fundo nos próximos dois meses. Neste ano, pretende investir R$ 30 milhões entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Disse que o filho já avisou que quer sair do cargo de CEO, sugeriu que a próxima ocupante pode ser uma mulher e avisou:
– Atravessou o rio? Dinamita a ponte. Antes de encerrar, o octogenário ainda deu conselhos para quem quer se envolver com startups – a Algar tem uma divisão de capital venture, para investir nesse tipo de negócio:
– Não cometam o mesmo erro que nós cometemos. Tentamos controlar startups. Essa meninada não quer patrão, quer ser chefe. Tem de estimular que façam o que acham que têm de fazer. Eles não querem saber que o momento é ruim. Vão e fazem. Se der errado, começam tudo de novo.