Em nota liberada na manhã desta terça-feira (6), a JBS confirmou a venda total de suas operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai, por US$ 300 milhões. Havia expectativa de que a empresa e companhias relacionadas na holding J&S começasse a de desfazer de ativos para garantir fluxo de caixa e recursos suficientes para fazer frente a seu elevado endividamento. A venda ocorre no dia seguinte à formalização do acordo de leniência da empresa com o Ministério Público Federal (MPF).
Conforme a JBS, "a companhia pretende utilizar os recursos obtidos com a transação para diminuir sua alavancagem financeira". Alavancagem, no jargão corporativo, é exatamente endividamento elevado. No final da manhã, as ações da empresa dos irmãos Batista subiam 7,4%.
A compradora é a Minerva Foods, empresa da família Vilela de Queiroz. É uma empresa paulista, com faturamento anual em torno de R$ 10 bilhões, que está começando a se tornar uma companhia global. Em janeiro, aprovou a abertura de uma subsidiária na Inglaterra, a Minerva Europe. Atualmente, 75% dos negócios do grupo vêm da exportação. Três empresas da Minerva são as compradoras, a Pul Argentina, a Frigomerc (Paraguai) e a Pulsa (Uruguai).
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A transação foi aprovada por unanimidade no conselho de administração da JBS e está condicionada à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mesmo órgão citado nas gravações entre Guilherme Saud, diretor de relações institucionais da J&F, e Rodrigo da Rocha Loures, que saiu do encontro com uma mala supostamente recheada com R$ 500 mil – valor já devolvido à Polícia Federal – e preso no último sábado.