O que até esta quinta-feira (8) era apenas especulado foi pronunciado com todas as letras, e por um aliado do governo federal. O deputado Beto Mansur (PRB-SP) saiu-se com a seguinte frase: "A Previdência subiu no telhado momentaneamente". Ele comentava as chances de a reforma previdenciária ser aprovada no Congresso, e previu que qualquer avanço no tema deve ficar para agosto.
No seu argumento, não é possível fazer previsão de votos "sem que a poeira baixe". Embora tenha pronunciado a frase que "oficializa" o risco que corre a aprovação da reforma, Mansur pode ter sido otimista. Nada no cenário atual sugere que a "poeira baixe" até agosto.
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Ainda que prevaleça a tese de que a Justiça eleitoral não viu o que 200 milhões de brasileiros viram – as delações que associam propina ao financiamento da campanha em 2014 –, ainda haverá muito vento para movimentar o pó de Brasília.
Nos cálculos de economistas e empresários, a reforma da Previdência começa a ser situada em 2019, quando um governo eleito, com legitimidade e capital político em carga máxima, voltará a propor um modelo palatável. Não há divergência sobre a necessidade da reforma. A discordância se concentra no modelo e na pressa.
Agora que há consenso de que, se alguma mudança passar, será muito básica, consolida-se também o diagnóstico de que o governo foi muito otimista ao definir regras excessivamente duras para a obtenção do benefício.
Não haverá renúncia e tampouco, provavelmente, condenação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Mas o presidente ainda tem de responder nesta sexta-feira (9) às perguntas da Polícia Federal, acompanhar o andamento do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), dar conta da explicação sobre o uso do avião de Joesley Batista. Vai ser difícil segurar a poeira para que não levante.