Para entender a história da empresa criada no Rio Grande do Sul que despertou o interesse do maior banco privado do país, é preciso voltar para a Porto Alegre do começo dos anos 2000. Na época, os sócios-fundadores da XP – que teve 49,9% de seu capital comprado pelo Itaú Unibanco, por R$ 6,3 bilhões, na quinta-feira (11) – operavam como agentes autônomos de investimentos. A aposta era espalhar o negócio pelo Estado com educação financeira.
– A XP cobrava R$ 300 por curso que ensinava a investir em ações – lembra Eduardo Glitz, ex-diretor de varejo da empresa, onde trabalhou de 2005 a 2015.
Aos poucos, 0 negócio abriu filiais no Interior e em Estados vizinhos. Em 2007, com a operação melhor estruturada, rumou para o Rio de Janeiro. E foi ao mercado, comprando corretoras.
– Em 2008, com a crise, quase ninguém mais queria saber da bolsa. Fui com outros sócios para os Estados Unidos para entender o modelo de negócio dos shopping de investimentos, muito conhecido por lá. Trouxemos esse conceito para a XP – recorda Glitz.
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O ex-diretor conta que a corretora de valores ampliou o número de produtos, com assessores que buscam entender o perfil do público, sem deixar de lado a aposta em educação financeira. Resultado: o número de clientes saltou para 410 mil, segundo comunicado do Itaú.
Ao se manifestar sobre a compra de parte da empresa, o banco reiterou que atuará como sócio minoritário, sem influência nas políticas comerciais e operacionais. "Por ser uma plataforma de distribuição com arquitetura aberta, e diante das perspectivas de redução da taxa de juro básica e de crescimento da economia brasileira, o Grupo XP tem grande potencial de crescimento nos próximos anos", apontou a instituição financeira.
Uma curiosidade: a corretora de valores havia lançado campanha publicitária em que aconselhava o público a fugir dos bancos. Por ironia, quem acabou se "bancarizando" foi a própria XP.