Mais um sinal de reação piscou nesta quinta-feira. O Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) mostrou não só variação positiva em fevereiro, a segunda seguida neste ano, de 0,78%, como ligeira alta no acumulado do trimestre móvel terminado no segundo mês do ano, de 0,15%.
Claudio Considera, pesquisador associado que acompanha o indicador, avalia que é ainda é um pouco cedo para falar em melhora efetiva. Familiarizado com o linguajar da coluna, brinca:
– Continua despiorando.
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Mas destaca que a atividade já esteve em um buraco de -6%, e agora volta para pouco acima da superfície. Na avaliação do economista, reforça a expectativa de PIB positivo no primeiro trimestre, quando o IBGE anunciar o dado oficial, em 1º de junho. Mas assim como outros colegas, Considera responde firme à pergunta sobre se, invertido o sinal de variação da atividade, pode-se considerar a recessão terminada:
– Definitivamente, não.
Um dos motivos, explica, é que o próprio Ibre trabalha com a hipótese de primeiro trimestre positivo e o segundo, negativo. Parte será por conta da base de comparação, muito ruim de janeiro a março de 2016, e um pouco menos ruim de abril a junho do mesmo ano. E ainda teve a surpresa negativa com o Caged.
– O modelo pode estar errado, porque uma coisa é a simulação e outra, a realidade – ressalva.
O mais importante, na avaliação de Considera, é que a economia já galgou vários degraus na escada e se afastou do ponto mais baixo da trajetória. No termômetro de investimento avaliado pelo Ibre, a mesma Formação Bruta de Capital Fixo pesquisada pelo IBGE, foram 15 degraus, exemplifica: ainda está negativo em 3,1%, mas já refletiu uma queda de mais de 18%.
Assim como a maioria dos economistas, Considera condiciona a manutenção desse cenário mais benigno à aprovação de “todas as reformas”. Caso contrário, avalia, o risco para a economia é voltar ao patamar anterior, aquele em que os indicadores ainda nem haviam começado a subir a escada.