A reação do mercado financeiro à esperada Lista de Fachin, que autorizou a abertura de 83 inquéritos, foi moderada. O Ibovespa recuou pouco (0,45%)perto da reação à pesquisa sobre o baixo apoio de parlamentares à reforma da Previdência, quando havia caído 1,5%. O dólar também avançou pouco ontem, 0,13%.
– São tantas más notícias na política que o mercado está meio anestesiado – avalia o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
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Parte da moderação se deve ao horário em que a informação surgiu: faltava pouco mais de uma hora para o fechamento. Parte é porque se sabia que a lista sairia depois da Páscoa. Foi antecipada, como uma espécie de Kinder Ovo, mas a surpresa não espantou.
– O mercado olha mais para Meirelles (Henrique, ministro da Fazenda) do que para Temer – interpreta Perfeito.
Nove ministros investigados é muita coisa. Mas o mercado percebeu que os fiadores da política econômica estão fora da lista. O que provoca maior inquietação é o futuro das reformas. Nas primeiras informações, o plenário da Câmara dos Deputados esvaziou. A reforma da Previdência, sobre a qual se acumulavam dúvidas, ficou ainda mais incerta. Então, não está descartada repercussão maior no mercado à medida que o pacote de delações for aberto e seu conteúdo se tornar de conhecimento amplo, geral e irrestrito.
Ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas atribui a cautela também ao pragmatismo: em véspera de reunião que deve baixar o juro, os investidores estavam todos vendidos em dólar. Se o câmbio subisse muito, perderiam dinheiro. Mas ele não descarta sustos "se nada der certo na reforma da Previdência".