Por enquanto, é só cheiro, porque no dia 7 ainda será preciso testar a tese de nove entre 10 analistas para Emmanuel Macron, o fenômeno de 39 anos que vai disputar o segundo turno na França com a ultradireitista Marine Le Pen. Segundo essa teoria, só falta confirmar nas urnas o apoio de quase todos os ex-oponentes para que Macron seja o próximo presidente.
Para muitos analistas, a eleição de Le Pen provocaria instabilidade mais forte até do que a de seu apoiador Donald Trump. O mercado ficou faceiro, autoridades nos palácios contemporâneos de Bruxelas – leia-se os líderes e a burocracia da União Europeia – abandonaram qualquer arremedo de neutralidade e manifestaram seu alívio com o resultado. Não foi pouca coisa, considerando que a eleição ocorreu três dias depois do mais recente atentado no país.
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Mercados europeus fecharam em alta, o euro se valorizou frente ao dólar, até a bolsa brasileira – que agora atende pelo nome de B3 – respirou aliviada. Subiu 0,99%, animada porque não encontrou um outro cisne negro rondando o laguinho da Torre Eiffel.
Passado o 7 de maio e confirmado que a sócia-fundadora da União Europeia não embarcará em uma aventura parecida com a da jangada de pedra do outro lado do Canal da Mancha – um Brexit sacode, mas um Fraxit afundaria o projeto de integração –, será a vez de Macron passar no teste do olfato.
Entre um cheiro bom e um perfume de qualidade, há muita diferença. Ex-ministro da Economia do governo socialista com menor aprovação da história, do qual espertamente se afastou há pouco mais de um ano para criar o partido Em Marcha!, o favorito até agora mostrou uma qualidade das fragrâncias marcantes de seu país: ocupa o vazio. Falta mostrar que sabe mesmo combinar notas de cabeça e de coração.