Antes que comecem as boas notícias, a economia brasileira parece disposta a esgotar o estoque das ruins. Sob a expectativa de alguma reação ainda neste ano, o país ainda teve de absorver maus sinais: o impacto na exportação e no consumo interno de carne provocado pela Operação Carne Fraca, aviso de que está a caminho alguma forma de alta de tributos e a aprovação da regra que libera a terceirização de todo tipo de trabalho mas contribui para ampliar o abismo entre quem a vê como oportunidade e quem a vê como ameaça.
A turbulência na semana foi acentuada pelo recuo na inclusão de servidores estaduais e municipais na reforma da Previdência. O Planalto se esforçou para apresentar a decisão como sinal de "respeito à autonomia" dos entes da federação, mas a sensação predominante foi de que o objetivo era desidratar os protestos contra a proposta.
Leia mais
Efeitos da terceirização virão, mas não tão rápidos quanto a aprovação
O ponto de ligação entre o corte e o recuo na Previdência: nosso bolso
O Brasil entre a alta de impostos e um megacorte de R$ 65 bilhões
Neste final da semana, vão crescer as especulações sobre quais, afinal, serão os tributos que o governo federal deve aumentar, diante das reiteradas declarações dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, de que essa é uma alternativa para não travar ainda mais o país. O governo que previa rombo de R$ 139 bilhões no orçamento descobriu que existe um buraco extra de R$ 58,2 bilhões.
Se tentasse resolver tudo com corte de gastos, teria de reduzir à metade as despesas discricionárias – não obrigatórias. O resultado é que, na próxima terça-feira, conheceremos a dimensão do corte e o tamanho da encrenca que será partilhada com os bolsos dos brasileiros. Fim de isenções e desonerações, além de elevação de alíquotas de contribuições como a cobrada sobre combustíveis estão no topo da lista de preferências.