Nesta sexta-feira pela manhã, a direção da Copelmi, maior mineradora privada de carvão do país, tem reunião marcada com o governador José Ivo Sartori, no Piratini. Na pauta oficial, o anúncio de projeto de uma usina térmoquímica com investimento previsto de R$ 4 bilhões no Rio Grande do Sul. Na extraoficial, uma tentativa de somar esforços e afastar de vez o "inferno astral" vivido por projetos de geração de energia na região.
Está prevista para o próximo mês a visita do ministro Fernando Bezerra, de Minas e Energia, à capital gaúcha. A ideia é, mais do que tudo, alinhar discurso de governo estadual e setor privado para convencer Brasília a dar o suporte necessário para empreendimentos de carvão.
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Como? Confirmando a data para realização de um leilão para garantir a modernização do atual parque térmico brasileiro. Caso tudo se combine, poderia viabilizar investimento de até US$ 2 bilhões em uma usina com capacidade para gerar até 1 mil megawatts.
Seria um afago ao Estado, dono da maior reserva do minério no país, depois das mudanças na política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em outubro, o banco de fomento anunciou a extinção de linhas de apoio a investimentos em termelétricas a carvão e a óleo combustível, que têm maior emissão de poluentes.
Nesta quinta-feira, a Engie confirmou que prospecta potenciais compradores para seus ativos de carvão no Brasil. Na lista do que estará à venda, o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, e a Usina Termelétrica Pampa Sul, em implantação em Candiota. O movimento, realizado em um momento de incertezas para a indústria no país, vai em linha com a estratégia de descarbonização da companhia em todo o mundo. A multinacional francesa vem focando em atividades de baixa emissão de carbono, com geração de energia limpa e renovável.
Empresas chinesas estariam entre os compradores mais prováveis da usina do RS. Não é de agora que os orientais vêm investindo pesado no setor de energia, incluindo transmissão e distribuição.
Em mais um movimento para dar fôlego aos projetos de carvão, o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, embarca esta semana para os Estados Unidos. A viagem servirá, entre outras coisas, para sentir de perto o clima para investimentos em carvão após a chegada de Donald Trump à Casa Branca.
A expectativa é de que o presidente americano – mais aberto do que o antecessor, Barack Obama, a projetos que envolvam fontes tradicionais de energia estimule mudanças em políticas do Eximbank, agência americana responsável pelo financiamento de exportações de produtos e serviços.
*A colunista Marta Sfredo está em férias