Aos 14 anos, Luciana Salton levou pela primeira vez a agitação que lhe é característica para a vinícola centenária de Bento Gonçalves que carrega seu sobrenome. Na época, a então adolescente, filha de Ângelo Salton Neto, aproveitava as férias escolares em São Paulo – onde nasceu e mora até hoje – para ajudar nas vendas na loja da empresa, como passatempo.
– Sempre fui entusiasmada com a Salton – define a diretora-executiva da vinícola, aos 34 anos, representante da quarta geração familiar na companhia.
Luciana foi apontada, pela revista Forbes Brasil, como uma das quatro mulheres de negócios em ascensão no país, parte da lista das 56 brasileiras mais poderosas em 2016.
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GOTAS DE ATUALIZAÇÃO
O destaque da publicação, diz a empresária, serve de estímulo para comandar a diversificação no portfólio da Salton, com unidades em Bento Gonçalves e Jarinu (SP). Parte dessas mudanças ocorreu em 2016, na planta paulista, onde a companhia passou a fabricar vodca.
– Produzíamos lá o Conhaque Presidente. Mas os jovens querem outros tipos de bebida hoje. Até dezembro, vendemos cem mil caixas de vodca – sublinha.
Conforme Luciana, a aposta teve reflexos no faturamento, que subiu para R$ 377 milhões em 2016, alta de 11% em relação a 2015. Sem deixar de lado a produção de vinhos e espumantes, a empresa também lançou no ano passado linha de chás com suco de uva.
– A Salton é tradicional, mas precisa estar em atualização – afirma.
Ao lembrar o início de seu trabalho na vinícola, na área de marketing, Luciana ressalta que a estratégia da marca tinha diferenças. Para ilustrá-las, recorda uma frase de seu pai:
– Ele disse que o marketing da Salton não gastava, só vendia (risos).
ESPUMANTE MADURO
Para este ano, a diretora prevê bons resultados em razão da safra que se desenha "boa em volume e qualidade". Considera ainda que, assim como o vinho nacional, o espumante brasileiro amadureceu no mercado exterior.
– A maior parte das exportações da Salton é de vinhos. São muito reconhecidos. Da mesma forma que brasileiros gostam de experimentar vinhos de fora, os estrangeiros gostam de tomar os nossos – compara.
MENOS BENTO, MAIS VINHO
Formada em Administração de Empresas, Luciana conta que não costuma ir com muita frequência a Bento Gonçalves, já que a diretoria da companhia se divide entre Rio Grande do Sul e São Paulo. Se as viagens para a Serra não fazem parte da rotina da empresária, o que não pode faltar no seu dia a dia é a taça de vinho. Mas nem sempre foi assim:
– Achava que não gostaria de beber. Fui aprendendo. Hoje, não consigo me imaginar sem vinho.