Considerado o cenário, o resultado do desemprego em novembro veio menos pior do que se esperava. No Rio Grande do Sul, então, o surpreendente saldo positivo de mais de mil contratações foi um sopro de alívio na caldeira de más notícias. Parte da explicação para o aumento menos dramático da estatística é a que a coluna já abordou várias vezes: diante dos sinais hostis, quase 1 milhão de brasileiros (967 mil) migraram para a inatividade em 12 meses – sintoma do desalento frente a um mercado de trabalho fechado.
Os analistas menos pessimistas projetam sinais mais robustos de recuperação só a partir do segundo trimestre de 2017. Janeiro a março, como se sabe, é um período de poucas novidades econômicas – especialmente positivas. Se a reação de fato se confirmar, desta vez, é possível que as contratações aumentem na segunda metade do próximo ano.
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Isso significa que os números ainda vão piorar. Nesta quinta-feira, ao afirmar que o aumento do desemprego "preocupa enormemente" o governo federal, o presidente Michel Temer projetou que as demissões devem começar a cair no segundo semestre. Mas já está na conta, também dos mais otimistas, que a estatística da multidão em busca de um posto de trabalho suba para 13 milhões de brasileiros antes de começar a minguar.
Temer observou que a angústia do desemprego cria um "sentimento de instabilidade". É um pouco mais complicado, e a tarefa de desatar esse nó é do comando da economia nacional. Sem reação na atividade, o emprego não volta a crescer. Sem interromper a "sensação de instabilidade", o consumo não aumenta para permitir a retomada. Será preciso muito trabalho para permitir a criação de empregos.