Entre a inflação mais comportada do que o esperado pelas projeções mais otimistas e o discurso do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ganhou força a perspectiva de um corte mais decidido no juro no dia 11 de janeiro. É só no próximo ano? Falta um mês, quase cravado.
Nesta sexta-feira pela manhã, o IBGE informou que o IPCA de 0,18% no mês passado foi o menor para novembro desde 1998. À tarde, Goldfajn se saiu com uma frase promissora: "recentemente, a inflação corrente tem surpreendido favoravelmente, com movimento mais disseminado do que apenas a reversão de preços de alimentos". A combinação animou projeções de corte de 0,5 ponto percentual e suscitou até apostas tímidas de 0,75 ponto.
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O caminho para redução mais decidida no juro básico, que seja sentida por quem está endividado ou quer comprar ou investir, não está livre de obstáculos.
Além do suspense em torno da delação da Odebrecht, que já começa a respingar, ainda há a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), na próxima quarta. Mas o IPCA mais suave dá alento para uma das poucas alternativas para acelerar a saída do buraco.
O Brasil combina a maior recessão da história com inflação elevada. Nos manuais de economia e na vida real, o "normal", quando a atividade despenca, é que os preços sigam pelo mesmo caminho.
A freada custou caro: boa parte dos 12 milhões de desempregados são resultado dessa lamentável combinação entre recessão e inflação, que determina o mantra em governos e empresas: corte de custos. Embora o aumento nos combustíveis tenha quase eliminado a possibilidade de a inflação acumulada em 2016 fechar dentro do teto da meta –, o resultado faz mais pressão sobre o BC do que o discurso dos empresários.