Um projeto acalentado há quase dois anos será apresentado nesta quinta-feira ao governador José Ivo Sartori para tentar resgatar o carvão gaúcho do ostracismo. A mineradora Copelmi foi buscar apoio na Ásia, mas não na China, de onde mais se esperava. Um programa do governo do Japão pode ajudar a tirar do limbo o aproveitamento da maior reserva do minério no Brasil. Além do governo japonês, estão envolvidas no projeto duas gigantes empresas privadas, a Tepco (Tokyo Electric Power, que vai da geração à distribuição), e a IHI, megacompanhia especializada em construção e produção metalmecânica.
Depois de fazer testes com 400 quilos de carvão gaúcho de diferentes minas, os japoneses concluíram que o material do Baixo Jacuí (proximidade de Charqueadas e São Jerônimo) tem condições de suportar a tecnologia Super Ultra Crítica (SUC), que prevê aplicação de altas temperaturas e pressão para aumentar a eficiência e, em consequência, diminuir a emissão de gás carbônico de térmicas a carvão.
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Uma equipe liderada pelo diretor de operações internacionais da Tepco, Fuyuhiko Mishimura, está no Estado para apresentar o trabalho ao governador e colher impressões sobre o ambiente de negócios para o projeto. O governo japonês avalia que parte de seu compromisso com o Acordo de Paris é permitir a exportação da tecnologia – o país vem substituindo internamente por carvão parte da energia nuclear desativada depois do terremoto de 2011, que provocou o desastre de Fukushima.
O Jbic, banco de fomento a exportações japonesas, está disposto a financiar a maior parte do projeto, e a Tepco avalia entrar com a maior parte dos recursos. Se tudo está tão azeitado, o que falta? Um sinal do governo federal de que o projeto que permite a modernização do atual parque térmico brasileiro terá apoio oficial. Caso tudo isso se harmonize, poderia viabilizar um investimento entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões na região do Baixo Jacuí, em uma usina com capacidade para gerar 1 mil MW.