Sem sinais de recuperação da crise econômica que adiciona contínua perda de arrecadação aos problemas financeiros do Estado, o governo gaúcho decidiu, finalmente, tirar seu pacote de maldades da gaveta. Muitas das medidas eram cogitadas há certo tempo, mas o temor da reação, tanto dos servidores quanto da sociedade, adiou um conjunto de providências que, se enterra as chances de uma reeleição – resultados só vão aparecer a médio prazo –, pode plantar a semente da solução do ajuste público gaúcho.
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Mesmo com corte de fundações, secretarias e benefícios que mais parecem privilégios, o pacote do governador José Ivo Sartori não representa o fim dos problemas nas finanças do Estado. Com economia contada em milhões – os R$ 6,7 bilhões anunciados pelo governador seriam atingidos em quatro anos – e déficits anuais ainda calculados em bilhões, o reequilíbrio das contas públicas do Rio Grande do Sul não virá imediatamente, mesmo à custa da aplicação das duras medidas esboçadas no Piratini. Seu maior mérito, ainda bastante restrito, é reduzir a sensação de que apenas uma categoria – a dos servidores do Executivo – arca com os sacrifícios.
Como todo ajuste fiscal, o pacote embute características recessivas. Serão menos salários, menos benefícios, menos pagamentos. Mas é bom lembrar que a economia gaúcha não é só a estatal. Há empresas desafiando a crise, outras aprendendo com uma das maiores dificuldades econômicas já experimentadas por empresários e executivos. Se a retomada começar a se desenhar, ainda que mais lenta e menos robusta do que se imaginada até meados deste ano, o impacto para todos os gaúchos será menos dramático.