Acompanhar o sobe e desce da bolsa e dólar nesta segunda-feira rendeu as mesmas sensações de andar em uma montanha-russa. Altas e baixas bruscas e acentuadas são o signo do mercado sob a expectativa criada pela eleição de Donald Trump à presidência dos EUA.
Analistas que previam volatilidade de curtíssimo prazo agora estendem a projeção até o final do ano. Mesmo um crítico do governo Obama, João Marcus Marinho Nunes, da gestora de investimentos Phynance, exaspera-se com as primeiras escolhas do republicano. Os dois primeiros assessores indicados – Reince Priebus e Stephen Bannon – têm perfis opostos. O primeiro é um republicano ortodoxo, o segundo uma espécie de Trump ao quadrado. Quem esperava ler nas indicações um sinal de como será de fato o mandato mais opaco das últimas décadas ficou na montanha-russa – nenhuma alusão a Putin.
– Enquanto Trump não assumir de fato, tende a provocar perspectivas desconexas. Seus principais assessores têm visões diferentes, vão guerrear para ver quem o presidente vai ouvir – avalia Marinho Nunes.
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Para o Brasil, projeta o economista, essa volatilidade acentua a quebra de expectativa em relação a uma retomada mais rápida da economia. Parte da frustração já estava dada pelos indicadores negativos do terceiro trimestre, parte se acentuou com a eleição de Trump.
O que temos pela frente, na avaliação do economista que estuda a fundo a economia americana é uma ''recuperação hesitante''. O dólar voltou a roçar a barreira de R$ 3,50 ontem, e Marinho Nunes avalia que ''continuará pressionado''. A bolsa extraiu uma alta de 1% de um dia de vertigem, mas a tendência de corte menor no juro, antecipada aqui na coluna, virou consenso de mercado. É reação mais lenta para o Brasil.