Do jeito que foi o ano, sua abreviação não seria má ideia, mas um sinal começa a animar analistas econômicos mesmo em meio às notícias ruins de Brasília – o peso insustentável de um ministro sob suspeita e a leveza intolerável contra a corrupção. A divulgação do IPCA-15 de novembro, com inflação ainda controlada, abriu uma discussão impensável entre economistas até há poucos meses: a possibilidade de a inflação fechar o ano dentro do teto da meta, de 6,5%. O resultado de 0,26% foi o mais baixo para novembro desde 2007.
Vagner Alves, economista da gestora de recursos Franklin Templeton, diz que essa possibilidade entrou em seu radar há algum tempo, mas sua projeção ainda está em 6,6%. Ele só não inclui na conta duas possibilidades que não estão fora de cenário. Uma é positiva: que em dezembro a bandeira amarela nas contas de luz dê lugar à verde, ou seja, sem sobretaxa na tarifa. Outra é negativa: se houver forte aumento na cotação internacional do petróleo, haveria risco de a Petrobras elevar o preço da gasolina na refinaria (toc, toc, toc).
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Embora garanta estar otimista em relação à economia brasileira, Alves projeta queda no PIB para este ano de 3,9% – acima da registrada em 2015. E para 2017, só um décimo no azul: 0,1% de avanço na atividade. E aí a coluna quis saber: cadê o otimismo? Com esse cenário, haveria espaço para o Banco Central reduzir o juro "acima da expectativa do mercado" no próximo ano. Assim como a média, Alves está cauteloso para a próxima semana: aposta em 0,25 ponto percentual de corte, sem descartar 0,5 ponto.
Para 2017, prevê que a taxa básica possa encostar em 10%, graças ao espaço aberto pela inflação e por pressão do congestionamento das vias de crescimento. Consumo das famílias não deve avançar, gastos do governo menos.
– O único vetor de crescimento será a política monetária – projeta.
Depois do susto com a eleição de Donald Trump, estima que o efeito só deva ter mais força entre o final de 2017 e o início de 2018. Até lá, imagina, o Brasil terá feito as reformas de que precisa e, com juro baixo no resto do mundo, ainda sobrará atrativo verde-amarelo.