Justo quando o Rio Grande do Sul se vê às voltas com barreiras para aumentar a geração de energia, uma surpresa na avaliação do abastecimento provoca má notícia para todos os brasileiros: em novembro, vai voltar a bandeira amarela nas contas de luz. Na prática, significa R$ 1,50 a mais a cada 100 quilowatts hora (kWh) consumidos.
A decisão se deve ao que o setor chama de "condições hidrológicas menos favoráveis". Traduzindo: com escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas, as térmicas voltarão a ser acionadas. Desde abril, a bandeira estava verde – não havia custo extra para os consumidores. O quadro é o seguinte: no Nordeste, os reservatórios estão em 11,4% da capacidade, no Norte, em 30,8%, e no Sudeste, em 35%.
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Só sobra água nas barragens no Sul, onde o nível está em confortáveis 83,6%. O sistema de bandeiras tarifárias foi adotado em janeiro de 2015, para ajudar a bancar o gasto extra com geração térmica, mais cara do que a hidrelétrica. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) costuma afirmar que não é custo extra, mas cobrança diferente.
Conforme o consultor independente Pedro Machado, a restauração da cobrança vai representar aumento de 4,5% nas contas de energia. Será uma nova pressão sobre os índices de inflação e um gasto para disputar a renda já apertada neste final de ano. Como a expectativa de chuva no Nordeste de 28% da média histórica, há poucas possibilidades de a cobrança incidir em apenas um mês. Não é hora de atrapalhar geração de energia que prescinda de água.