Nesta sexta-feira, a agência de classificação de risco Moody's – a última das três grandes a tirar o grau de investimento do Brasil –, elevou a nota da Petrobras. Ainda mudou a perspectiva negativa, que indica rebaixamento em vez de melhora, e a deixou em modo estável. Apesar da forte recuperação desde o piso de R$ 4,20, em 26 de janeiro nas ações preferenciais, de 329%, a decisão surpreendeu o mercado, e os papéis avançaram 1% em apenas 20 minutos.
Entre as justificativas da Moody's para melhorar a avaliação, estão a venda de ativos e as mudanças regulatórias. No primeiro caso, a estatal confirmou na sexta-feira a intenção de vender sua participação de 45,9% na sucroalcooleira Guarani. Arrecadou US$ 129,3 milhões com uma refinaria no Japão e tem várias outras participações à venda. A mais significativa é a BR Distribuidora. No segundo, a principal mudança é a aprovação do projeto que desobriga a empresa de investir 30% em todos os projetos de exploração no pré-sal.
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A rápida e expressiva melhora de um dos principais papéis do Ibovespa era impensável até pouco tempo atrás. Era a estatal mais exposta e mais afetada pelo escândalo da Operação Lava-Jato, a cotação internacional do petróleo declinava e até sua sobrevivência era questionada.
Para a agência, caiu o risco de liquidez nos últimos meses – não ter os recursos de que necessita para manter a atividade da companhia – em consequência da venda de US$ 9,1 bilhões em ativos e da troca de títulos da dívida de cerca de US$ 10 bilhões até agora.
No mesmo período em que a ação preferencial da Petrobras mais do que triplicou de valor, a bolsa decolou de 37,5 mil pontos para ficar acima de 64 mil na sexta-feira, alta de 70% em nove meses. É mercado financeiro – não gera emprego e produção, mas aumenta a renda. Nos dois últimos meses, abriu-se um descompasso entre a euforia com ações e os indicadores da economia real. Menos mal que o mercado olha para a frente, enquanto os dados vêm do passado recente.