Tempos de reformas são turbulentos por natureza, vide tentativas feitas em países mais estáveis e menos traumatizados do que o Brasil. Mas nem toda mudança é para pior, como mostram alguns dos filmes selecionados para este final de semana. O fim da escravidão, citado pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, para tentar limpar a barra do governo depois do susto com a jornada de 12 horas, foi uma reforma, na época tão polêmica quanto algumas discussões atuais.
Tempos Modernos (1936)
A bem-humorada crítica de Charles Chaplin, feita no auge da Grande Recessão nos EUA, mostra que a inquietação com as condições de trabalho vem de longe, e que linhas de produção ocupam telas de cinema desde o tempo dos filmes mudos. A cena que passou para a antologia cinematográfica é uma alusão à exacerbada divisão de tarefas proposta nos modelos taylorista e fordista.
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Jornada pela Liberdade (2007)
Com base na composição da música Amazing Grace, título original do filme, conta a história do parlamentar britânico William Wilberforce, evangélico fervoroso que lutou durante várias décadas pelo fim da escravidão na Inglaterra. Mostra a resistência da maioria branca e rica, que temia a mudança do modelo econômico baseado no trabalho escravo e via na manutenção dos cativos a estabilidade do império britânico.
Relatos Selvagens (2014)
Mais do que grandes reformas, esse filme aborda episódios que cruzam o limite do desgaste cotidiano, em boa parte provocados por acúmulo de frustrações com origem em situações não resolvidas pela legislação ou pela vida em sociedade. Há elementos mais pessoais, claro, mas um dos recados é não presumir que condições presentes, especialmente as favoráveis, prolongar-se-ão indefinidamente.
O Valor de um Homem (2015)
Um quadro que pode se tornar mais frequente com a elevação da idade mínima para a aposentadoria, o filme mostra um desempregado de 51 anos que faz cursos, formações, mas não consegue um posto que permita manter a casa. Ilustra a busca com entrevistas desconfortáveis e um emprego menor do que ambicionava, onde reproduz algumas das situações a que foi exposto.